ELEIÇÕES 2022

Henrique Meirelles diz que até agora não houve conversas para ser vice de Lula

Ex-presidente do Banco Central no Governo Lula (PT), ele responsabilizou a atual gestão do governo Bolsonaro por problemas como a inflação e criticou a instabilidade política e institucional que o País está passando

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Angela Fernanda Belfort

Publicado em 03/09/2021 às 11:15 | Atualizado em 03/09/2021 às 15:17
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O atual secretário da Fazenda do Estado de São Paulo e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles disse que até agora não ocorreram conversas com a equipe do ex-presidente Lula da Silva (PT) para ser o vice na chapa presidencial encabeçada pelo petista na eleição do próximo ano. Ele recebeu convites para se candidatar ao Senado, em 2022, pelos Estados de Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. "As pesquisas mostram uma boa possibilidade e estou pensando em me candidatar ao Senado por Goiás", comentou, em entrevista nesta sexta-feira (3) no quadro Passando a Limpo, comandado pelo radialista Geraldo Freire, na Rádio Jornal. 

 >> Henrique Meirelles culpa o presidente Jair Bolsonaro pela alta da inflação 

Nos bastidores da política, o nome dele foi cotado para participar da chapa petista como vice-presidente em 2022, sinalizando para uma composição que acenasse mais ao centro e ao mercado. Meirelles foi presidente do Banco Central nos oito anos do Governo Lula (2002 a 2010), um período de crescimento econômico no Brasil. Ele lembrou que na época, "foram gerados 11 milhões de empregos e 50 milhões de brasileiros cruzaram a linha da pobreza para cima". Em 2001, ele foi eleito deputado federal pelo seu Estado, Goiás, mas não terminou o mandato por ter assumido a presidência do BC.

Henrique Meirelles criticou a inflação, que classificou de um "problema grande e desnecessário". E acrescentou: "O que acontece é que o Brasil deveria estar em uma situação muito melhor. O aumento do preço dos alimentos, por exemplo, é por causa de todo esse tumulto, não só na área fiscal, mas na institucional (Supremo, Congresso e Governo)'', comentou o ex-ministro da Fazenda do governo do presidente Michel Temer (2016-2018). Ele estava se referindo às provocações que o presidente Bolsonaro fez aos demais poderes, gerando instabilidade institucional no País.

Para ele, há uma falta de condução política do governo federal que resultou numa "confusão institucional estabelecida no País. Ele citou como exemplo a alta do dólar. "O mundo inteiro começa a crescer, e o preço dos produtos vendidos pelo Brasil sobe em dólares. Normalmente, isso leva uma queda do dólar em relação ao real, o que aconteceu vários anos. Isso equilibra. Dessa vez, o dólar não cai por causa dessa balburdia toda", comentou. 

O ex-presidente do Banco Central também criticou as alterações realizadas no Imposto de Renda que foram aprovadas pela Câmara dos Deputados, nesta semana, por não resolver o grande problema tributário que é a "complexidade" deste sistema. "Vou trabalhar contra esse projeto que vai trazer uma perda de arrecadação, principalmente para os Estados e municípios. Não há como compensar isso, que pode comprometer o nível de serviço prestado a população pelos Estados e municípios. É importante que este projeto não seja aprovado como está atualmente", defendeu. 

Já com relação à alta dos preços dos combustíveis, Meirelles afirmou que o problema é o preço estabelecido pela Petrobras, que é do governo federal. Segundo ele, a alíquota do ICMS do governo de São Paulo sobre o combustível é a mesma desde 2015. O presidente Jair Bolsonaro já disse em várias ocasiões que a culpa pela alta no preço dos combustíveis é a cobrança do ICMS, imposto cobrado pelos Estados.

Meirelles foi candidato a presidente do País nas eleições de 2018. Ao ser questionado sobre o que é necessário para a economia voltar a crescer, resumiu: "Direção clara, orientação, tranquilidade, atrair investimentos para criar emprego e renda. Estabilidade acalma a economia, acalma o ambiente. Não precisamos de confusão, mas de trabalho e obejtividade". 

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