Entrevista

Sobre discurso de Bolsonaro, Marília Arraes diz que Brasil precisa ''parar de passar vergonha'' e cita Lula como solução

Marília também falou sobre o desejo de disputar o Governo de Pernambuco nas próximas eleições

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Cássio Oliveira, Renata Monteiro

Publicado em 22/09/2021 às 13:29 | Atualizado em 22/09/2021 às 13:32
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A deputada federal Marília Arraes (PT) concedeu entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quarta-feira (22), e alfinetou o discurso do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) na 76ª Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

A petista disse que o Brasil precisa ''parar de passar vergonha'' no cenário internacional. "Precisa parar de tirar direito do povo brasileiro, o povo sofre na mesa, na falta de trabalho, na falta de dinheiro para comprar comida. Precisa solução e, para nós, a solução é a eleição do ex-presidente Lula", destacou.

O discurso do presidente brasileiro na ONU repercutiu de forma negativa na imprensa internacional. Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina e de tratamentos precoces contra a covid-19 e questionou o motivo de outros países não adotarem as práticas. "Sem estar vacinado, Bolsonaro do Brasil quebra sistema de honra da vacina da ONU durante discurso", escreveu o jornal americano The Washington Post, se referindo ao pedido das Nações Unidas para todos os líderes mundiais se vacinarem contra a covid.

O The Wall Street Journal explicou que uma das condições para a participação dos líderes mundiais na Assembleia era estarem vacinados. Mas, como ficou provado, não houve uma verificação e cumprimento deste "sistema de honra". "Em seu discurso, o senhor Biden encorajou os países a adotarem planos nacionais mais ambiciosos para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e pressionou os países desenvolvidos a darem mais dinheiro aos países em desenvolvimento", destacou o jornal.

Pernambuco

Na entrevista, a deputada reforçou seu desejo de disputar o Governo de Pernambuco e disse estar à disposição para o pleito do próximo ano. Marília se colocou para a eleição de 2018, queria disputar o governo contra Paulo Câmara - que tentava a reeleição-, mas seu partido, o PT, fez uma aliança com o PSB e não lançou a candidatura. Assim, ela disputou a Câmara e se elegeu deputada federal.

Ainda assim, Marília Arraes enfatiza que a prioridade será a candidatura de Lula à Presidência da República e, se necessário, abrirá mão de disputar o governo estadual em nome de uma aliança que favoreça a postulação do ex-presidente. "Não é novidade que defendo que o PT tenha candidatura própria no Estado e me coloco à disposição, não é de agora, desde 2017. Obviamente, conversei com Lula e tomamos atitudes de maneira alinhada, pois a prioridade é o contexto nacional", afirmou. "O projeto nosso será subordinado às estratégias e decisões mais benéficas para eleição de Lula", completou.

O senador Humberto Costa (PT) já havia afirmado que Marília tentaria reeleger-se para a Câmara em 2022, mas a parlamentar vem ressaltando que deseja disputar o Governo de Pernambuco nas próximas eleições e que desprenderá todos os esforços necessários para isso.

Hoje, o PT negocia uma aliança nacional com o PSB que poderia fazer com que os petistas não tivessem candidato próprio ao Executivo estadual. Alguns nomes do partido, porém, acreditam que pode haver desfechos diferentes para essas conversas: a indicação, pelo PT, de um nome para disputar o Palácio do Campo das Princesas pela Frente Popular ou o apoio de Lula a dois palanques, um petista e outro socialista.

Marília explica que as com conversas entre PT e PSB estão ocorrendo entre figuras nacionais e com foco nacional. "Quando a gente analisa, acha que tudo gira em torno de Pernambuco, mas não é assim. Há conversas nacionais", disse.

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Humberto Costa também já afirmou que já se colocou à disposição do PT para a disputa ao Governo de Pernambuco e disse que entraria no pleito até mesmo pela Frente Popular. Nos bastidores, membros da coligação liderada pelo PSB dizem que, apesar dos problemas que os socialistas têm enfrentado para definir quem encabeçará a chapa do grupo no ano que vem, muito dificilmente o partido apoiará um nome de fora para governador.

Há rumores, ainda, de que os petistas poderiam entrar na composição com os socialistas ocupando a vaga ao Senado na chapa, e nomes como o do deputado federal Carlos Veras, do ex-secretário Dilson Peixoto e da própria Marília começaram a ser ventilados para a posição.

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