INVESTIGAÇÃO

Luciano Hang teria financiado blogueiro Allan dos Santos, acusado de fake news, com ajuda de Eduardo Bolsonaro, indicam documentos

Documentos foram obtidos pela CPI da Covid

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Estadão Conteúdo, Adige Silva

Publicado em 24/09/2021 às 23:36 | Atualizado em 24/09/2021 às 23:48
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Documentos obtidos pela CPI da Covid mostram que o blogueiro Allan dos Santos, acusado de espalhar fake news, teria sido financiado por Luciano Hang, empresário dono das lojas Havan. Para isso, ele teria tido ajuda do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O blogueiro Allan dos Santos é investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura ofensas e fake news contra os ministros da Corte.

A TV Globo teve acesso aos materiais em que os envolvidos aparecem negociando o suposto financiamento. A CPI apurou que donos de sites, empresário e políticos teriam usado a rede de disseminação de fake news conhecida como "gabinete do ódio".

Um dos documentos mostra uma suposta troca de mensagens entre Eduardo e Allan, em janeiro de 2019. Segundo a Polícia Federal (PF), o blogueiro pede que o deputado o ponha em contato com Luciano Hang.

"Preciso que você me coloque em contato com o Luciano Hang", escreveu Allan. Eduardo envia o contato e questiona: ""Quer que eu fale algo a ele para te introduzir?". O blogueiro sinaliza positivamente: "É melhor".

Após uma hora e meia, o deputado envia uma outra mensagem: "Mandei mensagem para o Hang; Assim que ele me responder te passo". Posteriormente, Eduardo diz: "Ele disse que você pode entrar em contato com ele. Falei que você é o nosso cara da imprensa para um projeto que desenvolvemos aqui nesta semana de aulas com o Olavo (de Carvalho- astrólogo aliado do clã Bolsonaro).

No dia seguinte, o blogueiro envia a Eduardo: ""Sobre o Hang, quando ele voltar da Europa, falarei com ele". Eduardo retorna: "Beleza. Falei no macro com o Hang". Após quatro meses, Alla sinaliza que Hang aceitou a proposta: "Luciano Hang tá dentro. Patrocínio para o programa".

A CPI da Covid teve acesso, também, a um diálogo entre Allan do Santos e Luciano Hang. Depois de receber mensagem do Blogueiro, Hanf fala: "Eduardo Bolsonaro me falou que conversou contigo".

Em reposta enviada à TV Globo, o empresário Luciano Hang negou as acusações. Ele classificou as afirmações como "narrativa absurda" e negociou fazer parte do gabinete do ódio, além afirmar que não patrocinou veículos de internet que disseminaram desinformação.

Outras mensagens acessadas pelos senadores apontam que o youtuber Bernardo Kuster citou o 'gabinete do ódio' em troca de mensagens no grupo 'Direita Unida', no WhatsApp. "Recebi ordens do GDO pra levantar forte a tag #doriapiorquelula. Bora lá no Twitter. Tá subindo a tag em quarto lugar", escreveu.

A mensagem foi enviada em 2 de abril do ano passado. Para a CPI, a mensagem indica que Kuster articulou ataques ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Hang convocado para depor na CPI da Covid

O empresário de Santa Catarina vai estar na CPI da Covid na próxima quarta-feira (29), por solicitação do relator Renan Calheiros. O pedido foi aprovado pelos pares.

"Ele, como um patriota que participou ativamente nas discussões de 'tratamento precoce', com certeza ficará muito feliz em vir aqui à CPI contribuir com a investigação" disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM);

Luciano Hang afirmou estar tranquilo quanto ao fato de depor na CPI. "Recebo com tranquilidade a informação que serei convocado para depoimento, como testemunha, na CPI da Covid-19, na próxima quarta-feira, 29, de setembro de 2021. Será um prazer estar presente e falar de todo o trabalho que nós fizemos, visando ajudar no enfrentamento da pandemia, buscando auxiliar na saúde do povo brasileiro e também na economia. Desde o princípio falamos que era preciso cuidar da saúde, sem descuidar da economia. Estou totalmente à disposição para esclarecer qualquer questionamento", disse o empresário.

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