AGRESSÃO

'Se pudesse, mataria vocês': bolsonarista agride cinegrafista em Aparecida, no interior de São Paulo

O cinegrafista realizava a cobertura da passagem do presidente Jair Bolsonaro pelo Santuário Nacional de Aparecida

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Marcelo Aprígio

Publicado em 13/10/2021 às 7:26 | Atualizado em 13/10/2021 às 8:27
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O repórter cinematográfico Leandro Matozo, da GloboNews, foi agredido por um homem dentro do Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo, na tarde dessa terça-feira (12). O cinegrafista acompanhava o colega de emissora Victor Ferreira na cobertura da passagem do presidente Jair Bolsonaro pelo local.

Nas redes sociais, Matozo e Ferreira narraram as agressões. Segundo o repórter cinematográfico, após receber uma cabeçada do agressor, que se declarava bolsonarista, seu nariz “sangrou muito na hora”. Matozo afirmou ainda que o homem disse aos profissionais que se pudesse, mataria os dois.

"Fomos surpreendidos por um apoiador do presidente Bolsonaro. Ele nos abordou com xingamentos contra a TV e não parou. Em determinado momento, disse: 'SE PUDESSE MATARIA VOCÊS'", escreveu Matozo no Twitter.

Os profissionais se preparavam para uma entrada ao vivo quando foram abordados pelo agressor. Segundo o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), o homem trabalha como professor em uma escola estadual em Mogi das Cruzes, também no interior paulista.

Nas redes sociais, o cinegrafista conta também que seu parceiro de cobertura gritou para os policiais que estavam próximos. "O agressor continuou me insultando e, em seguida, deu uma cabeçada no meu rosto. Meu nariz sangrou muito na hora. As medidas judiciais estão em andamento", disse Matozo na publicação.

Ferreira também se manifestou nas redes sociais. "Já fiz denúncias graves e cobri tragédias com o @umdiadematozo. Hoje, no que deveria ser uma cobertura mais tranquila, dentro do Santuário de Aparecida, um apoiador de Bolsonaro nos abordou para insultar e deu uma cabeçada no meu amigo Matozo, rep. cinematográfico. Resultado", e postou uma seta apontando a foto do colega com nariz sangrando.

De acordo com o jornalista, a ocorrência foi a policiais militares, que não quiseram levar o agressor para a delegacia para não “prender a viatura” no distrito policial, com base em uma suposta resolução. “O agressor foi liberado antes mesmo que nós e ainda pegou carona no carro da PM para voltar ao santuário”, escreveu.

Sindicato pede providências

Por meio das redes sociais, o SJSP exigiu da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e do governo de João Dória que a agressão “não seja relativizada ou negligenciada para que, desta forma, o agressor responda judicialmente na medida de seus atos”.

“É urgente que se interrompa essa escala de violência contra os trabalhadores da comunicação antes que algo mais grave aconteça. O ato covarde se insere num contexto de intimidação cada vez mais recorrente de profissionais de imprensa que estão nas ruas para cumprir a função social de levar informação às pessoas”, reiterou o Sindicato.

Para o SJSP, a agressão é um ato de ataque à liberdade de imprensa. Atinge a ponta mais exposta nesse processo, que é o profissional da comunicação. “Um trabalhador que, no Dia das Crianças, deixou seu filho em casa para trabalhar e é agredido de maneira covarde”, escreveu.

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