OPOSIÇÃO

PEC dos Precatórios: PDT muda dez votos; PSB só muda um

Na primeira votação do texto, partidos de esquerda foram acusados de ajudar o governo Bolsonaro

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Paulo Veras

Publicado em 09/11/2021 às 23:21
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Pressionado pelo próprio presidenciável após ter apoiado em grande medida a PEC dos Precatórios no primeiro turno, o PDT reverteu dez votos contra o texto na votação de ontem. Da primeira vez que a proposta chegou ao plenário, os pedetistas deram 15 votos favoráveis; seis contrários e três abstenções. Dessa vez, apenas cinco deputados do partido apoiaram a PEC; o número de votos contrários subiu para 18; só um não votou.

Uma dessas mudanças de posição, foi a do líder do partido, o pernambucano Wolney Queiroz. Ele foi, inclusive, o único parlmentar do Estado a votar de forma diferente nas duas votações. Seu próprio pai, José Queiroz (PDT), chegou a lamentar o seu voto favorável à PEC em em discurso na Assembleia Legislativa. Ele disse que o congressista havia votado a favor por pressão do partido, por ser líder, e também para garantir um acordo com sindicatos dos professores do Nordeste, que conseguiram antecipar parte dos seus precatórios.

No PSB, por outro lado, o esforço da direção da sigla para mudar posições não foi bem sucedido. Na primeira rodada, dez socialistas haviam apoiado a PEC; 21 votaram contra e um se absteve. Agora, foram nove votos favoráveis; os mesmos 21 contrários; e dois que não votaram.

De Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), Gonzaga Patriota (PSB), Milton Coelho (PSB) e Tadeu Alencar (PSB) foram contra a PEC nas duas ocasiões. Felipe Carreras (PSB) não votou em nenhuma delas.

Além do caso de Wolney, outros dois deputados pernambucanos que não haviam votado da primeira vez em que o tema chegou ao plenário, deram seu apoio a proposta nessa terça. Trata-se de Fernando Filho (DEM) e de Ricardo Teobaldo (Podemos). Como eles não haviam votado da primeira vez, não é possível dizer que mudaram de posição. No geral, Pernambuco deu 13 votos contra a proposta; contra dez votos favoráveis.

Pressão das direções

No caso do PDT, o principal ponto de pressão dos deputados foi o do presidenciável do partido, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, que chegou a "suspender" sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto como forma de pressionar os parlamentares da legenda a mudar de posição sobre a PEC. O movimento foi reforçado pelo trabalho de bastidor do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi.

"A candidatura de Ciro Gomes não pertence a ele, pertence ao partido. Então, ele tem direito de dizer que não quer ser candidato, mas o partido não abre mão da sua candidatura", disse Lupi ontem. "Ele fez uma suspensão, que foi uma maneira que ele encontrou para mostrar sua divergência e isso está superado. Essa postura que meu líder, Wolney (Queiroz), teve foi em nome dessa superação e desse processo. Isso está superado, agora nós vamos continuar lutando pelo Brasil e pelo projeto nacional em desenvolvimento", declarou em seguida.

Já no caso do PSB, o trabalho foi captaneado pelo presidente do partido, Carlos Siqueira, que chegou a ameaçar fechar questão contra a PEC dos Precatórios, o que abriria a possibilidade de que os parlamentares que votassem a favor do texto fossem punidos. Esse movimento mais brusco, porém, acabou não ocorrendo.

Na reta final do prazo, Siqueira escreveu uma carta aos deputados da sigla para tentar dissuadi-los de apoiar o governo. "Quanto ao objetivo político da PEC, é flagrante tratar-se de manobra destinada a abrir espaço no orçamento de 2022, com propósito evidente de permitir a ampliação de gastos governamentais em ano eleitoral", argumentou no texto.

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