CANDIDATO

Paulo Câmara admite que escolha do candidato a governador poderá não ser definida em janeiro

O governador afirma que ao longo das discussões que estão sendo feitas com os partidos aliados, o PSB tenha condições de chegar "nomes adequados para as eleições de 2022"

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 18/01/2022 às 15:03
BERG ALVES/TV JORNAL
Apesar da condição econômico-financeira ser boa, Paulo Câmara não conseguiu organizar um discurso de longo prazo. - FOTO: BERG ALVES/TV JORNAL
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Diferente das declarações dadas recentemente por aliados do PSB a respeito da determinação do governador Paulo Câmara em cumprir o prazo, que ele mesmo estipulou publicamente, até o fim de janeiro, para escolher o nome do candidato à sucessão estadual, o próprio chefe do Executivo já considera a possibilidade de ter mais tempo para discutir o assunto. “Vamos utilizar o tempo possível e necessário”, destacou o governador, ao ser questionado pelo JC.

“As discussões vão acontecer ao longo do mês de janeiro e a gente espera que, ao longo dessas discussões, tenhamos condições de chegar a nomes adequados para as eleições de 2022. Agora é um processo de escuta, de muitas conversas e de muita serenidade. É um segmento de uma forma de governar que queremos manter em Pernambuco, então vamos utilizar o tempo possível e necessário”, afirmou Paulo Câmara.

“A gente tem uma expectativa de resolução disso nas próximas semanas, mas vamos deixar as conversas fluírem mais e elas vão acontecer não apenas nessa semana, mas na próxima e, se necessário, nas próximas também”, concluiu o gestor, que assumiu a presidência do Consórcio Nordeste, pelos próximos 12 meses, em cerimônia simbólica realizada nesta terça-feira (18), no Palácio do Campo das Princesas.

A primeira rodada de reuniões com os partidos que integram a Frente Popular de Pernambuco já foi iniciada, mas sem desdobramentos conclusivos neste momento. Alguns fatores também contribuem para que o cronograma possa vir a atrasar. Paulo Câmara apresentou, na semana passada sintomas, gripais e precisou desmarcar todas as reuniões - os testes para covid-19 deram negativos e foi informado ter se tratado de uma gripe comum.

Nesta segunda-feira (17), o socialista iria se reunir com o presidente estadual do MDB, o deputado federal Raul Henry, mas o encontro teve que ser adiado, pois o parlamentar está aguardando o resultado do teste da covid-19. O PDT, que também tem um papel importante na discussão dessa conjuntura, também não tem data definida para ir à mesa com o líder socialista, já que o presidente estadual do partido, o deputado Wolney Queiroz, testou positivo para a doença.

Dois nomes que também são fundamentais nesse processo de definição de quem será o candidato a governador encontram-se de férias. O secretário da Casa Civil, José Neto, que retorna a partir do dia 24 de janeiro, e o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio - que mesmo afirmando que não pretende ser o candidato, não é totalmente descartado por membros do partido, que o apontam como única solução de consenso.

A decisão de indicar o cabeça da chapa majoritária é algo que não está mais em discussão e já foi chancelado pelo PSB durante a realização do 15º Congresso Estadual. Agora a questão gira em torno de um nome provoque unidade no partido, que hoje se encontra com alas de preferências distintas. A tese defendida amplamente, inclusive por Paulo Câmara, é que o candidato tenha perfil político.

"Eu mesmo vindo e sendo quadro técnico, que tive essa oportunidade de ser governador de Pernambuco e ser candidato, sempre compreendi a importância da política. Eu nunca neguei a política, pelo contrário, eu sempre defendi a política mesmo não tendo tanta experiência política como muitos tinham até então. E acho que a política é fundamental, então vamos ter condição de respeitar isso. Nós temos que respeitar a política e temos condições de apresentar candidatos que vão ajudar Pernambuco", afirmou Paulo Câmara, em entrevista exclusiva ao JC, no mês passado.

O cenário nacional também tem respingado nesse processo. O PT e PSB ainda estão esbarrando na formação dos palanques em estados estratégicos como Pernambuco e São Paulo. O partido petista chegou a aprovar o nome do senador Humberto Costa como pré-candidato a governador, sendo uma alternativa a ser discutida na Frente Popular. Humberto esteve duas vezes com Paulo Câmara para reforçar que sua candidatura “é para valer”, e que conta com apoio da Executiva Nacional e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesta quinta-feira (20), o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, vai se reunir com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, para tentar avançar nas tratativas sobre os apoios estaduais em troca de um apoio formal à candidatura de Lula. "Já falei ao Lula que o PT precisa decidir se quer disputar pelo país [contra] um de seus principais aliados ou se quer a nossa ajuda para ganhar a eleição", disparou Siqueira, em entrevista ao Blog. 

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), esteve na solenidade de transmissão de cargo da presidência do Consórcio Nordeste, e comentou sobre a situação entre os partidos e as críticas com relação a demora da sigla petista em aceitar as demandas do PSB. “Nós vemos as críticas como uma forma democrática, no sentido de destacar a importância de uma decisão mais cedo. Certamente, não só a direção do Partido dos Trabalhadores estarão tratando com muita prioridade pelo entendimento, pelo diálogo, que vamos chegar a um bom resultado”, afirmou Dias.

ESCUTAS

Depois desse primeiro contato oficial com a base aliada, o governador Paulo Câmara deverá se reunir com a Executiva do PSB para alinhar as opções que o PSB dispõem - também estão entre os nomes cotados, os deputados federais Danilo Cabral e Tadeu Alencar. No segundo momento, Paulo Câmara deverá reunir novamente os dirigentes partidários para apresentar uma definição e, desta forma, poder anunciar quem será o escolhido.

Após receber a vice-governadora e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, e o líder do partido na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros, e o presidente estadual do PSD, o deputado federal André de Paula, o governador também se reúne com os presidentes estaduais do PP, o deputado federal Eduardo da Fonte, e Republicanos, do deputado federal Sílvio Costa Filho. Ainda nos próximos dias, ele também deverá receber o presidente estadual do Solidariedade, Augusto Coutinho.

 

Paulo Câmara assume presidência do Consórcio Nordeste e reafirma contraponto a Bolsonaro

O governador Paulo Câmara havia sido eleito em novembro do ano passado, para suceder o governador do Piauí, Wellington Dias, que transmitiu o cargo após o mandato de um ano

Paulo Câmara assume presidência do Consórcio Nordeste e reafirma contraponto a Bolsonaro

O governador Paulo Câmara (PSB) assumiu, nesta terça-feira (18), a presidência do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, pelos próximos 12 meses. O grupo é formado pelos nove estados da região, que têm se colocado como um contraponto ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), desde sua oficialização em 2019.

Essa postura crítica deverá permanecer sob a gestão de Paulo Câmara, que fez um discurso à portas fechadas com os governadores presentes na solenidade, realizada no Palácio do Campo das Princesas, sem poupar críticas ao modus operandi do governo federal.

“Em seus dois anos de existência, o Consórcio Nordeste vem cumprindo um papel político essencial, servindo de contraponto a um Governo Federal que paralisou as políticas públicas de educação, segurança e cidadania e evidenciou, no combate à pandemia, sua face mais desastrosa. Nossa postura sempre foi de defesa da democracia, das instituições e da harmonia entre os entes federativos”, declarou o governador, que foi eleito em novembro por unanimidade para assumir a presidência do bloco.

Durante a coletiva de imprensa, Paulo Câmara foi questionado sobre como será a relação com Bolsonaro a partir desta nova gestão do Consórcio Nordeste. Ele disse que o grupo continuará à frente de questões que sejam pertinentes à população, mas que espera que o governo federal possa estar mais atento às demandas relacionadas ao Nordeste.

“Infelizmente, nos últimos anos, (o governo federal) não levou em consideração demandas apresentadas, a pandemia é o maior exemplo disso. Prevaleceu no âmbito federal a insistência por negacionismo, tratamentos ineficazes, retardaram infelizmente o avanço da vacinação, que poderia ter começado antes. Então vamos continuar colaborando com o Brasil”, afirmou o chefe do Executivo.

Participaram presencialmente da transmissão de cargo a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB); os governadores Renan Filho (MDB-AL), João Azevedo (Cidadania - PB), o vice governador do Rio Grande do Norte, Antenor Roberto (PCdoB) e governadora em exercício do Ceará, Izolda Cela (PDT) , além da deputada federal pelo Piauí, Rejane Dias (PT). E, por videoconferência, os governadores Belivaldo Chagas (PSD-SE), Flávio Dino (PSB -MA) e o senador pernambucano Humberto Costa (PT).

Berg Alves / TV JORNAL
Governador Paulo Câmara (PSB) e governador do Piauí, Wellington Dias (PT) - Berg Alves / TV JORNAL

Um balanço com as ações do Consórcio Nordeste foi apresentado aos gestores, destacando a constituição de um Comitê Científico para orientar os governadores na tomada de decisões no enfrentamento à covid-19. “Nós vamos continuar seguindo a ciência e nesse aspecto temos aqui um olhar para este momento, que ao mesmo tempo temos que lidar com a variante ômicron, a presença também da H3N2 e de outras doenças que são próprias de um período chuvoso, e como disse Paulo Câmara, em cada estado vamos trabalhar ações preventivas ao mesmo tempo garantindo as condições de atendimento não apenas na saúde, mas em relação a outros temas que são necessários, por exemplo na área social”, afirmou o governador do Piauí e ex-presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias.

Outro ponto foi a instituição da lei que garante o auxílio aos órfãos da pandemia. Os posicionamentos políticos também foram citados, através de diversas cartas assinadas em conjunto. As missões de negócios na Europa, que resultaram na ampliação de investimentos de empresas francesas, alemãs e italianas nos nove estados nordestinos, também foram elencados como pontos exitosos do bloco.

Nas áreas de energia solar e eólica somaram mais de R$ 50 bilhões produzidos nestes entes da federação. “Estamos cumprindo um papel político essencial, servindo de contraponto a um governo federal que paralisou as políticas públicas de educação, segurança e cidadania, e evidenciou, no combate à pandemia, sua face mais desastrosa”, frisou Paulo Câmara.

Além da posse e transmissão de cargo, o evento também marcou a entrega da comenda Celso Furtado, um reconhecimento a pessoas e instituições que apoiam o desenvolvimento sustentável do Nordeste. Ao todo, foram 11 agraciados por serviços prestados em diversas áreas. O grupo foi representado por Sérgio Rezende, coordenador do Comitê de Apoio ao Combate da Pandemia no Nordeste, que participou por videochamada.

 Também receberam homenagens os coordenadores das câmaras temáticas do Consórcio Nordeste e os membros do conselho de administração. Os homenageados foram representados por José Bertotti, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, em nome de todas as Câmaras Temáticas; Alexandre Rebêlo, secretário de Planejamento e Gestão do Estado, pelo conselho de administração; além de Carlos Gabas, secretário executivo do Consórcio Nordeste, representando toda equipe técnica.

Frustrações

Apesar de ressaltar que a união de nove governadores para representar uma das regiões mais importantes do país, tem como objetivo trazer investimento e desenvolvimento para os nove estados que a compõem, é importante destacar que algumas ações nestes últimos dois anos, não foram como esperado.

Em plena pandemia da covid-19, o que era para ser fruto de articulação em conjunto dos estados, acabou virando alvo de operação policial, como foi o caso da aquisição conjunta de 300 respiradores pulmonares por R$ 49,4 milhões. O Governo do Estado esclareceu que não houve prejuízos aos cofres públicos nesta operação, porque os recursos foram devolvidos.

Outra ação frustrada foi a suspensão da compra de 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V contra a covid-19. Após diversos impasses, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária chegou a liberar a importação do imunizante produzido pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, mas fez uma série de exigências que acabaram inviabilizando o acordo com os estados.

ICMS

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, também comentou sobre as cobranças que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) têm feito para que o Senado Federal possa colocar em votação o Projeto de Lei que estabelece que o ICMS passe a ser apurado em cima de um valor fixo. Lira tem acusado os governadores de não quererem tocar nessa questão do ICMS, travando o andamento da proposta no Senado. 

“Esse projeto que a Câmara aprovou, é um projeto que traz uma perda de receitas enorme para todos os estados brasileiros. No caso de Pernambuco, o prejuízo é maior que R$ 600 milhões no ano. E foi mostrado justamente ao Senado, da impossibilidade prática de se colocar em andamento um projeto como esse”, declarou em resposta ao JC.

“O Senado tem discutido outras ações que no nosso entender vão ao olhar de correção aos preços de combustíveis, que é justamente a criação de um fundo de equalização, quando há variação do preço internacional do dólar, haver condições desse preço ser colocado dentro desse fundo estabilização para quando tiver aumentos não ocorrer como no ano passado”, explicou.

Ainda segundo Paulo Câmara, ano passado houve 11 aumentos sucessivos de combustíveis e os estados fizeram durante 90 dias o congelamento do valor incidente do ICMS sobre o combustível. “Se mostrou que não é o problema do ICMS, pelo contrário, é a política de preços da Petrobras que vem fazendo esse aumento acontecer periodicamente, tanto é que novos aumentos estão surgindo. Então, a gente tem que discutir na verdade é o que queremos para o futuro: a diminuição de combustível, mas dentro de um olhar que preserve a autonomia federativa dos estados e que não olhe apenas para o lucro para Petrobras”, finalizou o gestor.

 

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