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PT quer a cassação de Kim Kataguiri por comentário no Flow Podcast

O partido argumenta que o deputado defendeu o nazismo durante participação no Flow

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Estadão Conteúdo

Publicado em 09/02/2022 às 16:12 | Atualizado em 09/02/2022 às 16:19
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A bancada do PT na Câmara dos Deputados dará entrada, nesta quarta-feira (9) com um pedido de cassação do mandato de Kim Kataguiri (DEM-SP) junto ao Conselho de Ética da Casa. O partido argumenta que o deputado defendeu o nazismo durante participação no Flow Podcast. A informação foi divulgada pelo senador e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, Humberto Costa (PT-PE), que vai assinar o documento.

"É inaceitável que alguém eleito pelo voto defenda o nazismo, um regime que matou mais de seis milhões de judeus. Quem jura defender a Constituição não pode ultrajar, exaltando sistemas genocidas, valores que para ela são sagrados, como a dignidade humana e o direito à vida", disse Costa em sua conta pessoal no Twitter.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) também cobrou a cassação do mandato de Kim por "desrespeito às vítimas do holocausto, aos judeus e aos brasileiros". "Isso não é assunto para a política,mas para a polícia. Vida é bem supremo", disse em sua rede social.

Kim esteve no programa do Flow Podcast desta segunda (7), ao lado da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP). Durante discussão com o apresentador Monark sobre regimes radicais de direita e esquerda, Kim queixou-se do fato de que, segundo sua percepção, defensores do comunismo teriam mais espaço na mídia do que defensores do nazismo. Tendo como ponto de partida a existência do PC do B (Partido Comunista do Brasil) e do PCB, o parlamentar afirmou: "A gente não tem um partido formal fascista ou nazista com espaço no parlamento e na imprensa". Argumentado defender a liberdade de expressão, Kim também contestou o fato de a Alemanha ter criminalizado o nazismo e proibir a existência de um partido que o represente.

Investigação na PGR

Na terça (8), o procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a abertura de investigação contra o youtuber Monark e o deputado federal por suspeita de apologia ao nazismo. A PGR afirmou que o caso será analisado pela assessoria criminal do gabinete de Aras, uma vez que envolve um parlamentar com foro privilegiado.

Kim criticou a decisão de Aras. O deputado negou ter defendido o nazismo e disse ser "aterrador que o PGR, que sempre faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram, tenha agido tão rápido".

"Quando há claros indícios de crime cometido pelo presidente da República, Augusto Aras nada faz. Porém, diante de uma conduta claramente de mero debate em um podcast, Aras age rapidamente -- e com inquestionável cunho político para perseguir minha conduta de oposição ao governo", escreveu o parlamentar em nota postada em sua rede social.

O deputado também afirmou que vai colaborar com as investigações, já que, segundo ele, seu discurso foi " absolutamente anti-nazista": "Não há nada de criminoso em defender que o nazismo seja repudiado com veemência no campo ideológico para que atrocidades que conhecemos nunca sejam cometidas novamente".

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