Democracia

Antigo casarão do Sítio da Trindade será sede do Memorial da Democracia de Pernambuco

O ato desta quinta (24) abre as atividades do Ano da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara, instituído pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe)

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JC

Publicado em 23/02/2022 às 16:20
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O antigo casarão do Sítio da Trindade se tornará a sede do Memorial da Democracia de Pernambuco. A iniciativa é fruto de um pacto de intenções que será firmado entre o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife. O acordo será celebrado nesta quinta-feira (24), às 16h, em um ato público com a presença do governador Paulo Camara, da vice-governadora Luciana Santos (PCdoB) e do prefeito do Recife João Campos (PSB). 

Com o Memorial da Democracia, o casarão deve abrigar todo o acervo reunido pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara, além de informações sobre as lutas libertárias ocorridas no Estado. São documentos, fotos, vídeos e o próprio relatório da comissão, que contam a história do período de ditadura e da luta por liberdade e democracia.

A ideia é que o memorial se transforme em um espaço de visitação, pesquisa e reflexão, que promova ações relacionadas à educação, que contribuam para o exercício da cidadania, a valorização dos direitos humanos e para o aprofundamento da democracia.

"Sobretudo no momento em que vivemos, em que há uma tentativa de reescrever a história, precisamos preservar a memória de tudo aquilo que foi e representou a ditadura, para que não se esqueça, para que não se repita. É preciso conhecer o passado para construir um futuro melhor. Por isso é tão importante termos em Pernambuco este espaço. São Paulo tem o seu Memorial da Resistência, Montevidéu tem o seu Museu da Memória e aqui teremos o Memorial da Democracia", disse a vice-governadora Luciana Santos.

O ato desta quinta abre as atividades do Ano da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Camara, instituído pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A instalação do memorial no Sítio Trindade parte de uma recomendação do Grupo de Trabalho “Memorial da Democracia de Pernambuco".

Vinculado à Vice-Governadoria, o GT criado pelo Decreto nº 51.751, em 3 de novembro de 2021, tem a finalidade de apontar propostas e formatos para apresentar ao público a história das lutas de resistência e de construção da cidadania do povo pernambucano até as lutas pela democracia e o trabalho resultante da Comissão da Verdade.

Em maio de 1960, durante a gestão de Miguel Arraes como prefeito do Recife, o Sítio Trindade, antes denominado Arraial do Bom Jesus, tornou-se sede do Movimento de Cultura Popular (MCP). A iniciativa envolveu intelectuais e artistas e apresentava um conceito inovador de educação, a partir do uso da cultura popular como instrumento de transformação social.

Com o golpe militar de 1964, tanques do exército avançaram sobre os jardins do Sítio Trindade e o casarão foi invadido. O material pedagógico e as obras de arte foram apreendidos e destruídos, sob o argumento de que se tratava de material subversivo. Muitos dos integrantes do movimento foram vítimas de perseguição, findaram presos ou exilados.


 

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