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Filho da prefeita de Ipojuca, deputado critica Governo de Pernambuco por crise na segurança de Porto de Galinhas

Para Romero Sales Filho, o Estado precisa redefinir a sua política pública de segurança, em um novo paradigma capaz de frear o crescimento da violência

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Renata Monteiro

Publicado em 05/04/2022 às 17:16 | Atualizado em 05/04/2022 às 18:42
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Quase uma semana após a crise da segurança pública de Porto de Galinhas se tornar pública, o deputado estadual Romero Sales Filho (UB) usou o tempo de oposição da sessão plenária desta terça-feira (5) na Assembleia Legislativa (Alepe) para criticar o Governo de Pernambuco pelo cenário. Romero é filho de Célia Sales, prefeita de Ipojuca, município onde o destino turístico está localizado.

"Infelizmente o governo estadual só age depois do tiro, depois da morte. Depois o governo chega, muito depois o governo dialoga, se é que isso existe nesta gestão", disse o parlamentar. Na última quarta-feira (30), a menina Heloysa Gabrielly, de 6 anos, foi morta após ser atingida por um tiro durante ação policial contra traficantes na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas. Depois da tragédia, vários protestos foram realizados no local e um deles, na quinta-feira (31), levou a atos de vandalismo que chegaram a deixar a parte da cidade sitiada.

"Morte, revolta, medo, terror, protestos, lojas e serviços públicos fechados resumem um pouco o clima de cidade sitiada que vivemos durante alguns dias. Foram 24 horas de pânico e só tínhamos o silêncio de um governo sem ação e sempre ausente quando o seu povo mais precisa", disparou Romero Sales, na Alepe. Desde o início da crise, o grupo do parlamentar afirma que tem cobrado providências do governo estadual com relação à situação, mas, segundo ele, pouco foi feito até o momento.

"Em Ipojuca mais uma vez lançaram uma cortina de fumaça sob a principal questão: a morte da pequena Heloysa é responsabilidade de um governo omisso, que sempre terceiriza suas responsabilidades, e direciona a culpa para os agentes de segurança, como se já não bastassem as más condições de trabalho e baixa remuneração enfrentada por esses profissionais", acrescentou o deputado.

Na visão de Romero, o Estado precisa redefinir a sua política pública de segurança, em um novo paradigma que seja capaz de frear o crescimento da violência e comtemple mais investimentos em prevenção e inteligência.

OUTRO LADO

Em resposta às críticas da liderança de Ipojuca, o deputado estadual e ex-secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes (PSB), defendeu as ações do governo estadual nos dias de violência registrados em Porto de Galinhas. “Houve, como manda a lei e a boa técnica policial, o uso progressivo da força, nos moldes como deveria ser feito. Acompanhou-se as manifestações pacíficas na manhã da quinta-feira, depois as interdições foram desfeitas na tarde da quinta-feira, e houve o máximo da operação quando, na noite da quinta-feira, os atos se tornaram mais violentos. Evidentemente, a ação violenta é, por si só, extravagante, extraordinária, às vezes surpreende, mas o fato é que o Estado agiu como deveria, de maneira justa, adequada, no tempo que deveria acontecer e, inclusive, em sintonia com o Poder Municipal”, declarou, durante a sessão.

Na ocasião, Novaes também chegou a rechaçar o que classificou como o “uso político” do que ocorreu no Litoral Sul, e chamou a atenção do deputado Alberto Feitosa (PL), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) e outro crítico da ação do governo estadual em Porto de Galinhas, para o fato de que o governo federal também tem responsabilidades sobre a situação do tráfico de drogas no País. “É como se o tráfico de drogas fosse algo de Ipojuca ou de Pernambuco. Não há tráfico de drogas no Rio de Janeiro, não há tráfico de drogas em São Paulo, no Centro-Oeste, em Minas Gerais, no Mato Grosso, na região Norte, no Amazonas, na Bahia, no Ceará, no Espírito Santo. Eu posso citar todos os estados da Federação onde o tráfico de drogas tem uma força descomunal, mas o problema não é do governo federal, mas do Governo de Pernambuco”, disse o ex-auxiliar do governador Paulo Câmara (PSB), em tom de ironia.

"Para se combater o crime, principalmente o crime organizado, é preciso ter responsabilidade e maturidade. Não dá para fazer do tráfico de drogas um palanque político. Não dá para você apontar o dedo, apontando culpas, com palavras de ordem ou frases de expressão para ver se vira matéria nos blogs, porque isso não vai cuidar do tráfico", completou Rodrigo Novaes.

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