Agência Pública

Arthur Lira foi obrigado pela Justiça a reconhecer paternidade de filha com doença rara

A jovem, hoje com 19 anos, é fruto de um relacionamento extraconjugal do parlamentar e aos 4 anos foi diagnosticada com um tipo raro de epilepsia, chamado síndrome de West

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Renata Monteiro

Publicado em 10/06/2022 às 15:26 | Atualizado em 10/06/2022 às 15:28
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Reportagem publicada na última quinta-feira (9) pela Agência Pública aponta que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), escondeu a existência de uma filha e foi obrigado pela Justiça a reconhecer a paternidade dela, após teste de DNA. A jovem, hoje com 19 anos, é fruto de um relacionamento extraconjugal do parlamentar e aos 4 anos foi diagnosticada com um tipo raro de epilepsia, chamado síndrome de West.

De acordo com o texto de Alice Maciel, a filha de Lira necessita de cuidados especiais e auxílio para realizar tarefas básicas, como comer ou se vestir. Ela leva uma vida simples e mora em uma cidade perto de Maceió com a mãe, que conheceu o deputado enquanto trabalhava para ele em 2002, distribuindo panfletos da campanha dele para a Assembleia Legislativa de Alagoas.

"A Pública apurou que, em 2016, sua mãe precisou recorrer à Justiça para conseguir junto ao governo do estado um remédio de alto custo para tratar as frequentes convulsões da filha. Gabriela fica sob os cuidados da avó quando a mãe sai para trabalhar como atendente de bilheteria", diz a matéria.

A agência conta que procurou Lira para comentar o caso, mas o deputado limitou-se a encaminhar uma nota à reportagem afirmando que "a vida privada de um homem público não interessa quando não há nenhuma relação de irregularidade ou ilegalidade". A mãe da menina também preferiu não comentar o assunto.

Os dados apurados pela Pública, contudo, mostram que em 2008 a bilheteira buscou a Justiça para que Lira reconhecesse a sua filha e passasse a pagar uma pensão alimentícia. No processo, a mulher conta que não conseguiu ter acesso ao deputado sequer para lhe informar sobre a gravidez, e que quando ele soube da gestão através de um assessor, teria se recusado a reconhecer a paternidade da criança. Nesta época, Lira era casado com Jullyene Lins, com quem teve dois filhos.

Um teste de DNA foi realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e confirmou que Lira é o pai biológico da menina. O parlamentar chegou a contestar o resultado, mas o juiz determinou que o nome do deputado e dos avós paternos fossem incluídos na certidão de nascimento da criança. Uma pensão também foi estipulada pelo magistrado.

Mesmo com o nome do político no documento, a menina não foi assumida publicamente e, em 2016, a mãe da garota teve que ir à Justiça para que o Estado fornecesse mensalmente um dos medicamentos usados pela menina, no valor de R$ 1.184,20, à época.

“Diante do custo do medicamento, a beneficiada desta ação, humilde, não tem condições financeiras para custeá-lo, restando apenas a proteção do judiciário para salvar sua vida”, informou a defesa, acrescentando ainda que Gabriela tem epilepsia e transtorno do espectro autista (TEA). O pedido foi aceito pela Justiça.

Naquele ano, Lira já era deputado federal e recebia salário líquido de R$ 23,6 mil. Em 2014, ele declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 1,6 milhão, incluindo duas fazendas. A Pública diz que além de atuar na política, Lira é agropecuarista, criador da raça de gado nelore. A filha dele, no entanto, era usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).

Jullyene Lins, ex-mulher de Lira, afirmou que o deputado escondeu a existência da menina por muitos anos e teria afirmado reiteradamente que não iria assumir a paternidade dela. Este teria sido, inclusive, o principal motivo para a separação do casal.

A ex-mulher do parlamentar também o acusa de ser possessivo e até mesmo agredi-la.

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