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Ao deixar MEC, em março, Milton Ribeiro negou irregularidades: "jamais pratiquei ato que não fosse pautado pela legalidade". Veja carta

Ao pedir exoneração do MEC, no final de março deste ano, Milton Ribeiro assegurou que não tinha cometido qualquer ato ilegal e reforçou que as acusações deveriam ser investigadas "com profundidade"

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Margarida Azevedo

Publicado em 22/06/2022 às 11:22 | Atualizado em 22/06/2022 às 15:21
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Preso nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro está sendo investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação.

No dia 28 de março deste ano, quando deixou o MEC, ele escreveu uma carta endereçada "aos brasileiros". Publicou-a no perfil no Twitter. Foi nessa carta que ele pediu exoneração do cargo de ministro. Sua exoneração foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União nesta mesma data.

Em um trecho do texto, logo no início, Milton Ribeiro diz que tem "plena convicção de que jamais pratiquei qualquer ato de gestão que não fosse pautado pela legalidade, pela probidade e pelo compromisso com o Erário", escreveu. E complementou que "as suspeitas de que foram cometidos atos irregulares devem ser investigadas com profundidade".

Leia, na íntegra, a carta escrita pelo ex-ministro no dia 28 de março deste ano:

“Dirijo-me a todos os estudantes, profissionais da educação, servidores e demais cidadãos brasileiros. Desde o dia 21 de março, minha vida sofreu uma grande transformação. A partir de notícias veiculadas pela mídia, foram levantadas suspeitas acerca da pratica de atos irregulares em nome do Ministério da Educação.

Tenho plena convicção de que jamais pratiquei qualquer ato de gestão que não fosse pautado pela legalidade, pela probidade e pelo compromisso com o Erário. As suspeitas de que foram cometidos atos irregulares devem ser investigadas com profundidade.

Eu mesmo, quando tive conhecimento das denúncias, em agosto de 2021, encaminhei, de imediato, expediente a CGU para que apurasse as situações narradas pelas denúncias. Mais recentemente, solicitei também aquela Controladoria que auditasse as liberações de recursos de obras do FNDE, para que não haja dúvida sobre a lisura dos processor conduzidos.

Cumpre ressaltar que os procedimentos operacionais relacionados à liberação de recursos pelo FNDE não são de competência direta do Ministro da Educação.

São quatro os pilares que me guiam: Deus, família, honra e meu País. Além disso, tenho todo o respeito e gratidão ao Presidente Bolsonaro, que me deu a oportunidade de ser Ministro da Educação do Brasil num momento transformador para a educação brasileira.

Registro que, sob a condução do Presidente da República, tive a oportunidade de conviver com uma equipe de ministros altamente qualificados e comprometidos com a ética e a probidade públicas.

Assim, levando em consideração os aspectos citados, decidi solicitar ao Presidente Bolsonaro a exoneração do cargo de Ministro, a fim de que não paire nenhuma incerteza sobre minha conduta e do Governo Federal. Meu afastamento visa, mais do que tudo, deixar claro que quero uma investigação completa e isenta.

Tomo esta iniciativa com o coração partido. Prezo pela verdade e sei que a verdade requer tempo para ser alcançada. Sei de minha responsabilidade política, que muito se difere da jurídica. Minha decisão decorre exclusivamente de meu senso de responsabilidade politica e patriotismo, maior que quaisquer sentimentos pessoais.

Agradeço e despeço-me de todos que me apoiaram nesta empreitada, deixando o compromisso de estar pronto, caso o Presidente entenda necessário, para apoiá-lo em sua vitoriosa caminhada. Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!”

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