7 DE SETEMBRO: Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, tem ato de apoio a Bolsonaro
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) também foram às ruas em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro
Com Estadão Conteúdo e AFP
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, se reuniram em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, neste 7 de setembro. Com bandeiras do Brasil e faixas, muitas delas com pautas inconstitucionais, os manifestantes caminharam pela Avenida Boa Viagem, acompanhados de carros de som.
Uma faixa fixada em um carro de som pedia o impeachment do ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes; outra defendia intervenção no STF pelas Forças Armadas. Não faltaram cartazes a favor do voto impresso, tema já analisado e rejeitado pela Câmara dos Deputados.
A passeata também teve a presença de muitos candidatos aliados a Bolsonaro. Alguns manifestantes utilizaram o teto dos banheiros públicos e equipamentos de ginástica da orla como camarotes.
Bolsonaro fala a apoiadores durante tensas comemorações da Independência
Bolsonaro fez nesta quarta-feira (7) um discurso aos seus apoiadores, garantindo que a esquerda não voltará ao poder e que as pesquisas eleitorais "mentem", em um dia marcado pelas comemorações do bicentenário da Independência.
“Aqui não tem a mentirosa Datafolha, aqui é o nosso ‘datapovo’", disse diante de milhares de seguidores em Brasília, referindo-se à pesquisa que atribui uma vantagem confortável ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (45% de intenções de voto, contra 32% para Bolsonaro) nas eleições de 2 de outubro.
Embora houvesse palavras de ordem golpistas entre a população, Bolsonaro falou em tom eleitoral e mais moderado do que em 7 de setembro do ano passado, quando disse que “só Deus” poderia tirá-lo do poder.
Para ele, trava-se no país uma "luta do bem contra o mal". A esquerda "deseja voltar à cena do crime. Não voltarão", acrescentou o presidente, referindo-se aos escândalos de corrupção que abalaram os governos do Partido dos Trabalhadores (PT) entre 2003 e 2016.
“Lula ladrão, seu lugar é prisão!”, gritava a multidão sobre o ex-presidente, que foi preso na operação Lava Jato, até que suas condenações foram anuladas.
Bolsonaro também tentou acenar para as mulheres, um dos eleitorados onde mais tem rejeição: recomendou aos solteiros que procurem uma “princesa”, beijou sua esposa Michelle e fez alusão a sua suposta potência sexual, o que foi aclamado por seus partidários.
A oposição acusou o presidente de "usurpar" as comemorações nacionais para fins eleitorais.
"200 anos de independência hoje. 7 de setembro deveria ser um dia de amor e união pelo Brasil. Infelizmente, não é o que acontece hoje. Tenho fé que o Brasil irá reconquistar sua bandeira, soberania e democracia", tuitou Lula.
O ato em Brasília ocorreu após o tradicional desfile militar, em que veículos blindados, tropas, estudantes e até tratores e membros de uma igreja evangélica desfilaram pela Esplanada dos Ministérios. Aviões da Força Aérea sobrevoaram o centro da capital.
O presidente acompanhou o desfile em um palco oficial e na ausência dos presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), da Câmara dos Deputados e do Senado, que costumam participar da celebração.
“Podemos esperar (...) um dia de muita agitação política, e por isso poderemos ter confrontos, já que a campanha está tensa desde o início", disse à AFP Paulo Baia, cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em especial com os questionamentos de Bolsonaro sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas.
Manifestação a favor de Bolsonaro no Rio
No início da tarde, todos os focos estavam no Rio de Janeiro, em especial na praia de Copacabana.
Milhares de bolsonaristas estavam reunidos ao longo da orla do bairro carioca.
"Esse é um ato muito importante para mostrar ao mundo que o nosso presidente é amado, é querido aqui. O que está estragando esse país é a ditadura dos nossos togados, da nossa Corte", afirmou Suely Ferreira, de 64 anos, que carregava uma bandeira pedindo que Bolsonaro acionasse as Forças Armadas para destituir os ministros.
O STF já abriu várias investigações contra Bolsonaro, especialmente por espalhar notícias falsas, o que tornou o órgão e seus membros alvos habituais de seus mais ferventes apoiadores.
Orley Antunes tem uma missão clara e poucas semanas para cumpri-la: "Temos que eleger Bolsonaro contra o mal", assegura este professor de 41 anos que viajou 12 horas do Paraná para ver o presidente no Rio de Janeiro.
"A eleição é em 2 de outubro, temos menos de um mês para cumprir nossa missão, para eleger o presidente Bolsonaro contra o mal que pode emperrar o Brasil, como a Argentina, a Venezuela", governadas pela esquerda, diz Antunes, vestindo camiseta verde e amarela, as cores que tingiram o calçadão de Copacabana.
"Estamos aqui com Bolsonaro porque o povo vai ao encontro do pensamento dele, da defesa da família tradicional, dos valores cristãos", explica Aline Giovanoni, uma dona de casa evangélica, que participou do ato com sua filha de 15 anos.
A poucos metros dali, um homem de cabelos grisalhos atrai todos os olhares. Vestindo terno preto e faixa presidencial cruzada no peito, tem grande semelhança com o presidente.
"Ainda tem gente que acredita no futuro do Brasil, queremos mostrar que ele [Bolsonaro] é o cara", diz o mecânico José Luiz Chaves, de 54 anos, conhecido como "Bolsonaro do Recreio", bairro da zona oeste do Rio.
A corretora de imóveis Suely Ramalho, de 78 anos, diz apoiar Bolsonaro por sua coragem. "Ele é destemido", afirma.
"O que estão fazendo com ele é absurdo, a imprensa, o STF, a esquerda... Mas acredito que, se não houver fraude, vai vencer no primeiro turno", garante esta mulher negra, com tranças nos cabeços.
"A gente não quer o Lula de volta, pelo amor de Deus. Já votei no PT e foi uma decepção imensa, Lula roubou muito", conclui.
Ato de apoio a Bolsonaro em São Paulo
Em clima de Copa do Mundo, com camisetas da seleção de futebol e muitas bandeiras do Brasil, diversos grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, em quase sua totalidade.
No percurso, estavam sete caminhões de som, com apoiadores utilizando os microfones para gritar palavras de simpatia a Bolsonaro e de ódio a Lula.
Nesse percurso, estavam sete caminhões de som, com apoiadores utilizando os microfones para gritar palavras de simpatia a Bolsonaro e de ódio a Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT ao Palácio do Planalto.
"Fora jornalistas, fora comunistas, fora jornalistas...", destacava uma pessoa no caminhão de som em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Não muito distante dali, num outro ponto de concentração com microfone e alto-falantes, um advogado, que não se identificou, falava que "a Constituição de 1988 é socialista e Pedro de Orleans foi o único deputado federal que defendeu" uma Carta Magna "verdadeira para este País".
Muitos seguravam cartazes contra Lula, com dizeres como "Lula ladrão", ou em defesa das quatro cores da Bandeira Nacional, ao afirmar que ela "nunca será vermelha", pois ela segue o "Data Povo".