ELEIÇÕES 2022

Veja trajetória de Bolsonaro, presidente em busca da reeleição nas eleições 2022

O presidente Jair Bolsonaro (PL) chega à reta final da campanha com o desafio de manter vivas as chances para se reeleger

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Edilson Vieira

Publicado em 30/09/2022 às 18:17 | Atualizado em 30/09/2022 às 20:59
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Da AFP

O presidente Jair Bolsonaro (PL) chega à reta final da campanha com o desafio de manter vivas as chances para se reeleger.

O ex-capitão do Exército, nostálgico da ditadura militar (1964-1985), de 67 anos, tentará garantir no domingo, 2 de outubro, a disputa no segundo turno, no dia 30, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), favorito nas pesquisas de intenção de voto.

Segundo as últimas sondagens, o presidente enfrenta um cenário adverso, inclusive com a possibilidade de ser derrotado por Lula no primeiro turno.

Conheça a trajetória política de Jair Bolsonaro:

Presidente alimenta desconfiança das urnas como estratégia

Bolsonaro passou de advertir, no começo da campanha, que uma possível fraude poderia estar sendo gestada - alegando, sem provas, falhas nas urnas eletrônicas -, a se concentrar em atacar as pesquisas.

"Aqui não tem a mentirosa Datafolha, aqui é o nosso 'Datapovo'", disse Bolsonaro a uma multidão reunida em Brasília no último 7 de setembro, durante ato pelo Dia da Independência.

Nos comícios, o presidente também tem comparado as eleições a uma luta entre "o bem e o mal".

Em seus quase quatro anos no poder, Bolsonaro manteve inalterada sua inclinação a fazer ataques verbais, desafios às instituições e à polarização da sociedade brasileira.

Admirador do ex-presidente americano Donald Trump, Bolsonaro continua contando com o apoio de boa parte daqueles que o elegeram em 2018: os influentes 'lobbies' das armas e do agronegócio e o amplo eleitorado evangélico. Ao mesmo tempo, tentou atrair a população mais vulnerável com novos benefícios sociais.

Mandato marcado por crises reais e outras produzidas

Seu mandato foi marcado por crises, a começar pela pandemia de covid-19, que chamou de "gripezinha" ao mesmo tempo em que criticou as vacinas, afirmando que poderiam transformar quem as tomasse em "jacaré".

Após se opor às medidas de isolamento para evitar a transmissão da doença e à campanha de vacinação, Bolsonaro afirmou não ter "culpa de nada", apesar de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pedir seu indiciamento por "crimes contra a humanidade" pela gestão da crise sanitária. Desde o início da pandemia, 685.000 pessoas morreram de covid-19 no Brasil.

Com a mesma atitude desafiadora, o presidente enfrentou os cerca de 140 pedidos de impeachment apresentados no Congresso e a abertura de várias investigações contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), em particular por atos vinculados à desinformação.

Por este motivo, fez ataques diretos à justiça a ponto de ameaçar não acatar as decisões da máxima corte.

Plataformas na internet, como YouTube e Facebook, também tomaram medidas contra o presidente, retirando alguns de seus vídeos com declarações falsas.

Desdenhando da mídia tradicional, Bolsonaro se comunica diretamente com seus milhões de seguidores pelas redes sociais. Desde a semana passada, decidiu falar todos os dias até o domingo da eleição através por lives transmitidas pela internet.

Imagem no exterior é de representante da extrema direita 

No plano internacional, criticou duramente vários líderes estrangeiros, ao mesmo tempo em que se mostrou "neutro" à invasão da Ucrânia ordenada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com quem se reuniu em Moscou semanas antes da guerra.

Protagonizou uma das maiores polêmicas com o presidente francês, Emmanuel Macron, em 2019, enquanto eram registrados incêndios na Amazônia, onde o desmatamento bateu recordes durante seu mandato.

Bolsonaro chegou ao poder com um discurso anticorrupção, apresentando-se como um "outsider", embora tenha sido deputado federal por três décadas.

Este homem branco de fala simples seduziu 55% dos brasileiros, apesar de suas declarações racistas, misóginas e homofóbicas.

Ele prometeu, ainda, acabar com a violência, a esquerda "podre" e a crise econômica, que a pandemia ajudou, no entanto, a agravar.

Seu governo, sujeito a múltiplas reformas, recaiu nas mãos de muitos militares, como o vice, Hamilton Mourão.

 Vida militar marcada por insubordinação 

Jair Messias Bolsonaro nasceu em 1955 em Glicério, uma cidadezinha no interior de São Paulo, em uma família de origem italiana.

Aprendeu a pescar com seu pai, Percy Geraldo Bolsonaro, 'garimpeiro' nos anos 1980, com quem também buscava ouro.

Frequentou a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e entrou para a vida militar, salpicada de episódios de insubordinação.

Em 27 anos como deputado em Brasília, foi autor de apenas dois projetos de lei que foram aprovados.

Este defensor da família, que se define católico, teve cinco filhos de três casamentos.

Sua esposa atual, Michelle, é uma evangélica fervorosa que ganhou protagonismo na campanha, na qual Bolsonaro voltou a repetir seu lema, "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos".

Bolsonaro é muito próximo dos três filhos mais velhos, todos em cargos eletivos, atualmente investigados por suspeitas de corrupção ou divulgação de informações falsas.

Depois de levar uma facada em plena campanha eleitoral em 2018, Bolsonaro tem problemas intestinais, possivelmente crônicos, que o levaram ao hospital em várias ocasiões.

 


 

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