Como Lula e Bolsonaro pretendem conduzir a economia do País nos próximos 4 anos? Entenda
Lula e Bolsonaro têm posições diferentes sobre a condução da política econômica do Brasil. O petista defende um Estado mais presente e Bolsonaro a iniciativa privada animando a economia
Lula e Bolsonaro têm posições diferentes também na condução da política econômica do Brasil. O candidato petista defende a participação do Estado na indução do desenvolvimento econômico, além de uma visão regionalizada do País, com soluções alinhadas às necessidades locais. O presidente em busca da reeleição deverá manter a aposta no livre mercado e nos investimentos privados para alavancar o crescimento.
"Entre os dois candidatos existe uma diferença de modelo na perspectiva de atuação do Estado como indutor de crescimento e desenvolvimento. Um eventual governo Lula deve ter uma visão um pouco mais desenvolvimentista. A análise do governo Lula é de que as forças autônomas e de mercado, por si só, não devem, automaticamente, fazer com que o País cresça e tenha uma atuação mais positiva em um momento de crise", acredita o economista da Ceplan, Paulo Guimarães.
Ele analisa que uma gestão Lula poderá apostar na atuação dos bancos de desenvolvimento, de crédito e de desenvolvimento público de forma mais clara. "O modelo teria o Estado animando a economia de uma forma mais explícita, com os bancos de desenvolvimento nacional e regional e com investimentos públicos em infraestrutura econômica e social", reforça.
Já em um novo governo Bolsonaro, deverão permanecer iniciativas mais voltadas à mobilização de investimentos através da captação de recursos no mercado, por meio de PPPs, concessões e recursos privados. A proposta seria tentar estimular a economia com menor participação do Estado, com mecanismos de atração de capital privado.
"Entre essas duas visões, acredito que uma diferença mais significativa é que um eventual governo Lula terá uma visão do Brasil regionalizado, um País que tem diferenças regionais e sociais. E aí se justifica a presença do Estado nessa coordenação", diz o economista.
Na avaliação de Guimarães, em um governo Bolsonaro, as políticas são tratadas como se o País tivesse um modelo de desenvolvimento padrão, através de PPPs e concessões sem considerar as diferenças regionais. "O fato de que o mercado nem sempre responde a todas as regiões e todas as partes do País. Talvez essa visão diferencie um pouco essa necessidade de Estado ou não em determinadas regiões ou determinadas situações específicas", considera.
2023 ainda será difícil para quem vencer
Independentemente da estratégia de condução da política econômica, o ano de 2023 ainda será difícil na economia para qualquer um dos candidatos que sair vitorioso das urnas no próximo dia 30. "No próximo ano, o Brasil ainda terá que desatar amarras como a questão fiscal e o controle inflacionário. Por isso ainda não terá muita margem de manobra. Só a partir de 2024 em diante é que se deverá ter um crescimento sustentado, com geração de emprego", afirma.
A perspectiva é de que Lula tenha uma preocupação maior com o investimento social, executando programas de combate à fome assim que chegar ao governo. Bolsonaro também sinalizou com a possibilidade de manter o Auxilio Brasil, mas isso não ficou claro no Orçamento.