BISPO VAIADO EM APARECIDA: Saiba quem é Dom Orlando Brandes, religioso vaiado por bolsonaristas em celebração católica
Durante homenagens à padroeira do Brasil, bolsonaristas atacaram jornalistas e proferiram vaias a arcebispo católico
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) causaram tumulto no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, São Paulo, nessa quarta-feira (12). Durante homenagens à padroeira do Brasil, o grupo atacou jornalistas e proferiu vaias a arcebispo católico.
O bispo Dom Orlando Brandes teria sido um dos alvos da manifestação contrária do grupo que vestia verde e amarelo.
Durante o sermão, o religioso afirmou que o Brasil precisaria “vencer muitos dragões”, a fala não teria sido recebida bem pelo grupo.
“Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do malígno. O dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade", declarou.
O arcebispo defendeu o direito ao voto e disse aos cristãos que o ato de votar significa direito e poder do povo.
"Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou muito bem no Evangelho. Eles não têm mais vinho. No nosso caso, faltando pão, faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós precisamos nos dias de hoje”, aconselhou.
BOLSONARO VAI A SANTUÁRIO DEDICADO A NOSSA SENHORA APARECIDA
Bolsonaro marcou presença em uma das missas do Santuário. O presidente também visitou uma tenda de peregrinos, em frente à Basílica, e foi embora do local sem falar com a imprensa.
Segundo o Correio Braziliense, o candidato à presidência não comungou e não rezou o Pai Nosso.
SAIBA QUEM É O BISPO DOM ORLANDO BRANDES
Nomeado arcebispo da Arquidiocese de Aparecida pelo papa Francisco em novembro de 2016, Dom Orlando, 76, é conhecido por abordar temas de direitos humanos, meio ambiente e saúde. As afirmações são consideradas alfinetadas ao presidente Jair Bolsonaro, por apoiadores.
O religioso é graduado em filosofia na Universidade Católica do Paraná e estudou teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana e na Academia Alfonsiana, em Roma.
Dentre as falas do bispo interpretadas como indiretas para Bolsonaro está uma uma reflexão feita pelo religioso em 2021 sobre o uso de armas. "Para ser pátria amada não pode ser pátria armada", alegou o religioso, em clara alusão ao slogan do governo atual.
Ao fim da celebração desta quarta-feira, o arcebispo de Aparecida concedeu uma entrevista à imprensa, na qual foi questionado sobre a visita de Bolsonaro.
"Não posso julgar as pessoas, mas nós precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos, então precisamos ser fiéis a nossa identidade católica, mas seja qual for a intenção, (ele) vai ser bem recebido", declarou.