Eleições 2022
Bolsonaro diz que TSE e PT "têm de se explicar" sobre inserções de rádio
A campanha de Bolsonaro entregou documentos que serviriam de provas para as acusações feitas pelo ministro Fabio Faria
Após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes, ter considerado "apócrifa" a denuncia feita pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria, sobre o suposto favorecimento ao ex-presidente Lula (PT) em inserções de propagada eleitoral em rádios do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu o tom.
O candidato à reeleição afirmou, nesta quarta-feira (26), que o TSE e o PT "têm muito o que se explicar", sobre este caso. Ontem, segundo informações publicadas pelo Estadão Conteúdo, a campanha de Bolsonaro enviou supostos novos documentos sobre o caso ao TSE, após o ministro ter dado 24 horas para a apresentação de provas das acusações.
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Bolsonaro disse ser sido "vítima mais uma vez" e que suas propostas não estariam chegando aonde deveriam. "Mais uma do TSE. Vocês estão acompanhando as inserções do nosso partido que não foram passadas em dezenas de milhares de rádios pelo Brasil. Sou vítima mais uma vez. Onde poderiam chegar as nossas propostas, nada chegou. E não será demitindo um servidor do TSE porque o TSE vai botar uma pedra nessa situação", declarou Bolsonaro, durante discurso em Teófilo Otoni (MG), onde cumpre agenda de campanha.
O presidente fez referência à exoneração do servidor Alexandre Gomes Machado, assessor da Secretaria Judiciária, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência do TSE, que era responsável pelas inserções de propaganda eleitoral. Procurada pelo Estadão/Broadcast, a Corte negou que a mudança tenha sido motivada por algum equívoco ou mesmo pela ação da campanha bolsonarista contra as rádios.
O presidente da República não poupou acusações contra o Partido dos Trabalhadores. "Aí tem dedo do PT. Não tem coisa errada no Brasil que não tenha dedo do PT. O que foi feito, comprovado por nós, pela nossa equipe técnica, é interferência, é manipulação de resultado. Eleições têm que ser respeitadas, mas, lamentavelmente, PT e TSE têm muito o que se explicar nesse caso", disse Bolsonaro, na cidade mineira.
Num documento de 35 páginas enviado no início da noite de terça ao TSE, a equipe jurídica do presidente apresentou o que seriam elementos sobre a suposta "fraude" nas inserções, mas os arquivos e áudios reunidos em link do Google Docs se referem a apenas oito rádios e não cumprem a promessa do ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten de apresentar dados completos. Wajngarten integra a campanha e participou de entrevista coletiva ao lado de Faria na segunda-feira, 24.
AMOSTRAGEM
A campanha de Jair Bolsonaro afirma que a checagem das inserções de rádio foi feita por "amostragem".
"A absoluta veracidade do que aqui exposto pode ser atestada, a título de amostragem, pela verificação da programação integral de um dia inteiro de cada uma das emissoras mencionadas na tabela acima. A mera verificação da programação normal das emissoras permitirá, a qualquer cidadão, identificar a aludida discrepância na veiculação das inserções", destaca um trecho da documento, logo após mencionar oito emissoras.
A equipe jurídica de Bolsonaro também enviou ao TSE dados para defender a atuação de uma das empresas que realizou a auditoria usada na denúncia de que cerca de 154 mil inserções do chefe do Executivo deixaram de ser veiculadas.
A Audiency Brasil Tecnologia, com sede em Florianópolis (SC), tem como atividade principal o desenvolvimento e o licenciamento de programas de computador customizáveis. No registro da empresa na Receita Federal, não consta nenhuma indicação de realização de auditoria.
Aliados de Bolsonaro apostam em manter em evidência a polêmica sobre a suposta "fraude" em inserções nas rádios do País para tirar o foco da relação do chefe do Executivo com o ex-deputado Roberto Jefferson, que reagiu a uma ordem de prisão e atacou policiais federais com tiros de fuzil e granadas de efeito moral no último domingo (23).
Em grupos de apoiadores de Bolsonaro em aplicativos de mensagens, o link da entrevista coletiva de Faria Wajngarten na segunda-feira (24) começou a ser compartilhado para engajar os militantes, que passaram a falar em "boicote" eleitoral.