LULA NA COP-27: Governo de transição ouve primeiras cobranças durante conferência no Egito
Parte do que pode ser o núcleo ambiental do governo Lula está na Conferência do Clima da ONU (COP-27)
Do Estadão Conteúdo
Parte do que pode ser o núcleo ambiental do governo Lula se reuniu no espaço dedicado à sociedade civil brasileira na Conferência do Clima da ONU (COP-27), em Sharm El-Sheik, no Egito, nessa segunda-feira, 14, e já ouviu a primeira cobrança.
Deputada federal eleita por São Paulo, Sonia Guajajara disse que os indígenas ainda esperam ser chamados pelo novo presidente para discutir os rumos da criação de um ministério para seu povo.
O encontro também foi marcado pela entrega - a nomes como os das ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira - de quase uma dezena de planos e propostas por representantes das principais entidades ambientalistas brasileiras.
Segundo Guajajara, o caminho deve ser a criação de um ministério, o que teria mais força e representatividade do que uma secretaria especial. "Minha cobrança foi no sentido de que o povo indígena seja chamado para discutir como vai ser o funcionamento desse ministério", disse ao Estadão. "Acho que uma secretaria não serve. E qualquer nome que esteja sendo especulado depende da aprovação da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil)."
O nome dela é o mais forte para assumir a pasta prometida por Lula ainda durante a campanha. A criação do ministério é vista como um passo importante na marcação de uma posição antagonista ao do governo de Jair Bolsonaro, criticado pelo desmonte dos órgãos de controle ambiental e também da Funai.
A futura parlamentar foi aplaudida por um auditório lotado e com pessoas sentadas no chão. No local se reuniram, além de Marina e Izabella, os senadores Randolfe Rodrigues e Eliziane Gama, os deputados Alessandro Molon, Joênia Wapichana e Rodrigo Agostinho, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, todos nomes ligados à pauta ambiental. A poucos metros estava um esvaziado pavilhão oficial do governo brasileiro.
Adesões
De acordo com a avaliação de Marcio Astrini, diretor do Observatório do Clima, uma das instituições a entregar suas propostas no Egito, a questão dos direitos indígenas é realmente urgente no País e precisa ser enfrentada logo no início da próxima gestão federal do presidente Lula.
Representante da Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura, José Carlos da Fonseca também vê urgência na questão debatida durante a campanha eleitoral. "Precisamos retomar a homologação das Terras Indígenas", analisou o especialista. O jornalista viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS).