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Mesmo após PRF mandar remover, página sobre Silvinei na Wikipédia segue ativa

Ofício da corporação foi endereçado ao escritório da plataforma em São Francisco, nos Estados Unidos, há pouco mais de duas semanas

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Filipe Farias

Publicado em 28/11/2022 às 22:10
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Da Estadão Conteúdo

A página sobre o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, na Wikipédia continua disponível mesmo após o setor de inteligência da corporação pedir a remoção "imediata" do perfil.

O ofício foi endereçado ao escritório da plataforma em São Francisco, nos Estados Unidos, há pouco mais de duas semanas. Àquela altura, a PRF já havia sido arrastada para o centro de acusações de aparelhamento para beneficiar a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.

A Diretoria de Inteligência da PRF disse que houve "exposição indevida" da corporação e do seu "dirigente máximo". Além do pedido para tirar a página do ar, o ofício solicita a identificação dos responsáveis pelas informações veiculadas para a "avaliação de eventuais medidas a serem adotadas".

"Saliente-se que o conteúdo tem o viés nitidamente político e a inserção de informações pejorativas sobre o dirigente da instituição ultrapassa os limites do exercício regular do direito de informar", diz um trecho do documento assinado pelo diretor de Inteligência da PRF Luís Carlos Resichak Júnior.

A Wikipédia funciona como uma enciclopédia digital colaborativa: qualquer pessoa cadastrada pode atualizar o conteúdo do site desde que aponte a fonte das informações.

Ofensiva da PRF é mencionada na página

A página não só continua disponível para acesso como passou a fazer referência ao ofício da PRF. O adendo foi incluído ao final do texto.

"Em 13 de novembro de 2022, a Diretoria de Inteligência da PRF enviou um ofício à enciclopédia livre Wikipédia pedindo a exclusão da página sobre Silvinei Vasques e a identificação dos responsáveis pela edição para 'avaliação de eventuais medidas a serem adotadas'. O documento afirma que houve 'exposição indevida' da corporação e do seu 'dirigente máximo'", diz o novo parágrafo.

O diretor-geral da PRF é descrito na página como "bolsonarista". Como mostrou o Estadão, Vasques chegou a pedir votos para o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais na véspera do segundo turno.

O perfil também cita os processos disciplinares abertos contra Silvinei Vasques, um deles por agredir um frentista em Goiás, que foram colocados sob sigilo por 100 anos.

A página destaca ainda casos emblemáticos de violência policial na gestão do atual diretor, como a Chacina da Vila Cruzeiro, comunidade do Rio onde 23 pessoas foram mortas a tiros durante uma operação policial da qual a PRF participou em maio, e o assassinato de Genivaldo de Jesus, asfixiado em um camburão da corporação.

O texto também menciona o trabalho da PRF nas eleições e sobre os bloqueios de estradas federais por manifestantes inconformados com a derrota de Bolsonaro. A corporação abordou eleitores no dia do segundo turno, mesmo após a Justiça Eleitoral proibir operações relacionadas ao transporte de eleitores, o que levou o Ministério Público Federal (MPF) a abrir um inquérito para apurar a conduta de Vasques.

A investigação também vai analisar se houve demora deliberada para desmobilizar os protestos bolsonaristas nas rodovias. O diretor-geral da PRF ainda virou réu por improbidade administrativa na semana passada.

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