BOLSONARISMO
TARCÍSIO E BOLSONARO: aliado, Tarcísio diz que nunca foi 'bolsonarista raiz' e mantém obrigação da vacinação a servidores
Em entrevista a CNN, o governador eleito de São Paulo disse que comunga das ideias econômicas do governo Bolsonaro, mas não vai "entrar em guerra cultural"
*Com informações do Estadão Conteúdo e portal Metrópoles
O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que será fundamental manter o diálogo com o governo federal a partir de 2023 e que não vê problema em recorrer ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando for necessário.
No entanto, o que mais chamou atenção foi o ex-ministro afirmar que não é "bolsonarista raiz", na tentativa de afastar sua imagem do movimento de apoiadores mais radicais, que não aceitam o resultado das eleições de 2022.
Além disso, Tarcísio também pontuou algumas críticas ao seu padrinho político, o presidente Jair Bolsonaro (PL), dizendo que ele precisa "sair do casulo".
- NEYMAR FEZ HOMENAGEM A BOLSONARO NA COPA DO MUNDO? Veja o que fez NEYMAR em BRASIL x COREIA DO SUL
- BOLSONARO HOJE: presidente vai comparecer à cerimônia de NOVOS MINISTROS do STJ; saiba mais
- BOLSONARO prepara 'VINGANÇA' contra MORAES; saiba qual
- 'Se Bolsonaro fosse mulher, já estaria preso', diz Cristina Kirchner em entrevista; confira
“Eu nunca fui bolsonarista raiz. Comungo das ideias econômicas, principalmente desse governo Bolsonaro. A valorização da livre iniciativa, os estímulos ao empreendedorismo, a busca do capital privado, a visão liberal. Sou cristão, contra aborto, contra liberação de drogas, mas não vou entrar em guerra cultural”, afirmou o governador eleito, durante entrevista a CNN.
"Tenho muita gratidão pelo presidente e temos conversado quando vou a Brasília. Tenho falado muito da necessidade de ele sair do casulo, de se posicionar como liderança de centro-direita, de atuar na sucessão da mesa e fazer uma oposição responsável e ser voz crítica, por exemplo, da maneira como a PEC [da Transição] foi apresentada", disse.
PROMESSAS DE CAMPANHA
Uma das promessas mais controversas de campanha do governador eleito Tarcísio de Freitas, o fim da obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 para os servidores públicos de São Paulo, deve ser adiado. A medida não é prioridade na agenda da área de saúde do gabinete de transição paulista.
A proposta, que foi feita para agradar aos eleitores bolsonaristas e ao entorno do presidente Jair Bolsonaro, tornou-se um potencial foco de desgaste diante do aumento de casos e internações registrado em novembro. Na campanha, Tarcísio defendeu a liberdade das pessoas de receber ou não o imunizante contra o coronavírus.
Segundo integrantes da equipe de transição ouvidos pelo Estadão, o foco das discussões no momento, além de avaliar a atual estrutura do Estado, é encontrar formas de ampliar a telemedicina e assegurar o sistema vacinal completo da covid e de outras doenças.
A equipe também discute como diminuir a fila de cirurgias eletivas, reaproveitar leitos inativos e ampliar o número de especialidades atendidas na rede pública estadual. A desobrigação da vacina, no entanto, ainda não foi completamente descartada.
Pela primeira vez desde de julho deste ano, o Estado voltou a registrar mais de 300 internações por dia de casos suspeitos e confirmados de covid-19 - média mais alta dos últimos quatro meses. Os números acenderam o sinal de alerta e tanto o governo quanto a Prefeitura da capital voltaram a exigir o uso de máscara no transporte público.
PRESSÃO
Dentro do atual cenário, há uma pressão da comunidade médica contra o fim da obrigatoriedade vacinal. Em entrevista coletiva em novembro, Tarcísio indicou a ampliação da distribuição do imunizante no Estado e elogiou a adesão de São Paulo à vacina.
"A epidemia se transformou, vamos ter de nos preparar para isso. Brigar pela oferta de vacinas, (...) incentivar a população a se vacinar, buscar fazer com que as pessoas que não completaram o sistema vacinal possam fazer isso", afirmou o governador eleito, prometendo ouvir técnicos para tomar decisões na área.
As primeiras escolhas de Tarcísio para a composição da pasta indicaram este caminho. O futuro secretário de Saúde, o médico Eleuses Paiva, foi defensor da ampliação do acesso à vacina anticovid ao longo da pandemia. O anúncio do médico infectologista Esper Kallás para a presidência do Instituto Butantan também afastou a pauta antivacina do Estado.
"É fundamental manter a obrigatoriedade do uso da vacina no serviço público. A vacina é um bem pessoal, social e uma obrigação do Estado. Além de ajudar a si, previne a doença na população", disse ao Estadão o médico infectologista David Uip, ex-coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus durante a primeira fase da pandemia e hoje secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento de São Paulo.
Procurada, a assessoria de imprensa de Tarcísio afirmou que a atuação do novo governo sobre a vacinação se dará a partir da conscientização e da garantia da disponibilidade das doses de reforço.
"Ao Estado, cabe preservar a liberdade de escolha do cidadão e atuar ativamente na conscientização, tanto dos servidores públicos como de toda a sociedade." Segundo o novo governo, o Estado "seguirá garantindo as doses necessárias para todos".