GOVERNADOR AFASTADO DO DF

ATAQUES EM BRASÍLIA: Ibaneis diz à PF que Exército impediu retirada de bolsonaristas de Brasília no fim da gestão Bolsonaro

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que Ibaneis Rocha se ofereceu de forma espontânea para prestar depoimento

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Lucas Moraes

Publicado em 13/01/2023 às 16:53 | Atualizado em 13/01/2023 às 17:17
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O governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) prestou depoimento à Polícia Federal, por vontade própria, nesta sexta-feira (13) e reafirmou não ter envolvimento com os atos de vandalismo e movimentos golpistas que deprederam as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no domingo (8). O governador afastado culpou o Exército e o à época secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres. 

"Respondi a todos os questionamentos e espero ter deixado claro que não tive qualquer envolvimento, seja por ação ou por omissão, com os fatos ocorridos no domingo", disse o governador afastado à coluna Grande Angular, do portal Metrópoles. 

Ibaneis Rocha ainda afirmou, segundo depoimento que a CNN Brasil teve acesso, que o comando do Exército impediu a remoção do acampamento em frente ao QG em Brasília no fim da gestão Bolsonaro.

O governador afastado disse também que a Secretaria de Segurança Pública recebia informes de segurança aos quais ele não tinha acesso, responsabilizando o então secretário de Segurnaça do DF, Anderson Torres. 

“Indagado a respeito de medidas inicialmente adotadas para conter os acampamentos, o declarante afirmou que a área é sujeita a administração do comando do Exército, contudo o GDF manteve contato com os comandantes militares para organizar a retirada pacífica dos acampados”, diz trecho do depoimento. 

"Foi definida a data de 29/12/2022 e iniciado o procedimento de remoção, mas este foi sustado logo o início por ordem do comando do Exército. Algumas barracas chegaram a ser retiradas, mas o DF Legal, auxiliado pela Polícia Militar, não conseguiram terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades militares”, continua.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que Ibaneis Rocha se ofereceu de forma espontânea para prestar depoimento na Polícia Federal sobre os atos golpistas contra os prédios dos Três Poderes.

Ibaneis ainda declarou que recebia informes sobre as questões de segurança do DF "e nenhuma dessas tratou de possíveis ações radicais que estavam sendo organizadas pelos acampados".

"Eventuais relatórios de inteligência ficavam restritos à secretaria de segurança, e apenas chagava ao governador o que realmente importava para suas decisões", disse.

Afastamento de Ibaneis

Ibaneis foi afastado do cargo por um período inicial de 90 dias após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que viu omissão do emedebista nos ataques em Brasília.

"Neste momento (pouco depois das 12h), está ocorrendo a oitiva do excelentíssimo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Faço questão de frisar que foi um oferecimento espontâneo do próprio governador. Ele procurou a Polícia Federal dizendo que gostaria de prestar depoimento e está sendo ouvido neste momento", disse Dino durante coletiva de imprensa na sede do Ministério da Justiça.

Inquérito contra Ibaneis

Moraes também determinou, hoje, a abertura de um inquérito sobre a conduta de Ibaneis e do ex-secretário da Segurança Pública do DF Anderson Torres nos atos golpistas. No último domingo, 8, os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que não aceitam o resultado da eleição.

A decisão do ministro do STF atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e abrange, ainda, Fernando de Sousa Oliveira, secretário-executivo de Segurança Pública do DF, e Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do DF, preso por determinação de Moraes. O ministro do STF também determinou a prisão de Anderson Torres, que estava nos EUA e ainda não retornou ao País.

 

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