Chanceler da Alemanha após reunião com Lula: 'queremos avanços no UE-Mercosul'
De acordo com o líder alemão, "o acordo deve favorecer a cooperação tecnológica e industrial"
Estadão Conteúdo e Agência Brasil
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que tanto o Brasil quanto seu país desejam avanços no acordo comercial União Europeia-Mercosul, hoje travado na etapa de ratificação pelos países-membros do bloco europeu.
"Lula e eu concordamos que UE-Mercosul precisa de rápido avanço", declarou Scholz no Palácio do Planalto, após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O acordo deve favorecer a cooperação tecnológica e industrial", avaliou.
Negociado por mais de 20 anos, o acordo UE-Mercosul teve um anúncio de conclusão geral em 2019, mas ainda há um longo caminho pela frente para sua efetiva entrada em vigor. Isso porque o tratado precisa ser ratificado e internalizado por cada um dos Estados integrantes de ambos os blocos econômicos.
Na prática, significa que o acordo terá que ser aprovado pelos parlamentos e governos nacionais dos 31 países envolvidos, uma tramitação que levará anos e poderá enfrentar resistências.
De acordo com o líder alemão, também é preciso haver uma união das democracias globais para condenar a invasão da Ucrânia, que foi tema da bilateral com Lula. O presidente brasileiro, porém, apesar de ter chamado a guerra de um "erro" da Rússia, salientou sua posição de que "quando um não quer, dois não brigam", segundo ele mesmo disse na coletiva de imprensa no Planalto.
Na ocasião, o petista também ponderou ter ouvido pouco sobre como chegar à paz. "A razão dessa guerra entre Rússia e Ucrânia precisa ficar mais clara", declarou o presidente. Em uma postura nacionalista, a Rússia invadiu a Ucrânia para evitar a adesão do país vizinho à Otan e frear a aproximação com o Ocidente.
Lula se disse disposto a, se preciso for, conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Logo após a declaração de Lula, Scholz afirmou que a Alemanha tem uma posição clara, que é contrária à invasão da Ucrânia.
No Palácio do Planalto, Lula reforçou que o Brasil deseja fazer parte do Conselho de Segurança da ONU, que não mais representaria a realidade geopolítica mundial e é incapaz de evitar guerras. Isso seria possível, disse o presidente, a partir do G4, formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão. "Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha força e mais representatividade", disse o petista.
OCDE
Lula também foi questionado sobre a manutenção do interesse do país em aderir à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na qual a entrada do Brasil foi costurada no governo anterior.
"O que nós queremos saber [é] qual é o papel do Brasil na OCDE. Você não pode participar de um organismo internacional sendo um cidadão menor, inferior, como se vocês estivesse sendo observador", disse o presidente. Lula reconheceu ter sido contra a entrada do Brasil na OCDE em seus governos anteriores, mas disse que está disposto a discutir o ingresso agora.
Criada em 1961, e com sede em Paris, a OCDE é uma organização internacional formada atualmente por 37 países, incluindo algumas das principais economias desenvolvidas do mundo, como Estados Unidos, Japão e países da União Europeia. É vista como um “clube dos ricos”, mas também tem entre seus membros economias emergentes latino-americanas, como México, Chile e Colômbia.