ABASTECIMENTO

Prefeito de Petrolina ameaça ir para Justiça se Compesa não regularizar o abastecimento e manutenção dos serviços na cidade

Ex-prefeito Miguel Coelho faz enquete para saber satisfação da população com os serviços da companhia e críticas sincronizadas gera leituras políticas

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Mirella Araújo

Publicado em 06/04/2023 às 18:27 | Atualizado em 06/04/2023 às 21:36
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O prefeito de Petrolina, Simão Durando (União), fez um desabafo em suas redes sociais, nesta quinta-feira (6), criticando os serviços prestados pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

De acordo com o gestor, que esteve reunido com representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e com a própria Compesa, a situação no município do Sertão do Estado tem se agravado nos últimos seis meses.

“A cidade está tomada por esgoto. Para nossa revolta descobrimos que a Compesa tinha 11 caminhões para a manutenção do esgoto. Agora só existem dois funcionando, e muito mal. O resultado está aí nas ruas”, disse Simão Durando.

Em nota, a Compesa explicou que "na madrugada da última sexta-feira (31), houve um estouramento na Avenida Souza Filho, cujos reparos foram finalizados no mesmo dia. O abastecimento foi retomado. No domingo (2), uma construtora atingiu uma tubulação da rede de abastecimento de água na Avenida Tancredo Neves, quando executada uma obra para efetuar uma ligação de esgoto para um prédio próximo ao River Shopping. O conserto da tubulação foi finalizado na segunda-feira (3), quando o abastecimento foi retomado".

A companhia ainda afirmou que a partir da persistência de queixas de um pequeno trecho da cidade, no trecho que vai da Avenida Guararapes até a Orla (na altura do Posto Altine ao edifício Romaneée), os técnicos da Compesa iniciaram as inspeções na rede de abastecimento e identificaram um registro com defeito na Avenida Guararapes. "O equipamento foi substituído na quarta-feira (5) e retomada a distribuição de água para o trecho citado que estava ainda sem receber água".

O chefe do Executivo cobra urgência na regularização do abastecimento da cidade - há bairros em que a falta d’água dura entre 15 e 20 dias -, deixando claro que irá para a Justiça, caso a Compesa não resolva as demandas apresentadas. Ele também afirma na publicação que a empresa terceirizada contratada pela Compesa está com os pagamentos em atraso, sob o risco dos serviços serem paralisados. 

“Não ficarei de braços cruzados, ou a Compesa trata nossa cidade com respeito ou iremos até as últimas consequências para resolver esse drama que nossa cidade enfrenta”, declarou o prefeito de Petrolina.

Diante das queixas apresentadas, a companhia afirmou que a regularização da distribuição de água após a paralisação de um sistema ocorre de forma gradual. "É necessário um período para que a rede de abastecimento alcance as pressões satisfatórias. A expectativa é que o trecho desabastecido esteja completamente normalizado. Os técnicos da Compesa estão monitorando o processo de distribuição".

 

No mesmo dia, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), lançou uma enquete em seu perfil no Twitter, questionando se a população está satisfeita com o serviço da Compesa nas suas cidades.

Quando foi candidato a governador de Pernambuco, uma das promessas de Miguel Coelho era propor um novo modelo para a Companhia, por meio de parcerias público-privadas.

LEITURAS POLÍTICAS

Apesar de as críticas feitas aos serviços prestados pela Compesa não serem novidade para os moradores petrolinenses, há uma leitura política sobre elas ocorrerem de forma sincronizada neste momento, onde o Governo de Pernambuco, que tem gerência sobre a Companhia de Saneamento, é administrado por uma aliada, que já prometeu que levará água para todo o Estado, corrigindo as falhas da gestão passada.

Não que as cobranças não possam ser feitas, mas o tom adotado é que tem sido levado em consideração nessa avaliação política. 

Miguel Coelho acabou a disputa de 2022 em quinto lugar, declarando apoio imediato à então candidata pelo PSDB, Raquel Lyra. Havia uma expectativa de que ele pudesse ser chamado para compor o novo governo estadual - foi especulada a Secretaria de Desenvolvimento Econômico na época - mas até o momento Raquel Lyra não fez nenhuma sinalização ao ex-chefe do Executivo.

Por outro lado, tem se intensificado os rumores sobre a reaproximação entre o grupo político liderado pelo ex-senador e ex-líder do governo Bolsonaro, Fernando Bezerra Coelho (MDB), e o PSB do prefeito João Campos, justamente em um ano pré-eleitoral.

O ex-senador, pai de Miguel Coelho, teria tido problemas com o ex-governador Paulo Câmara e não com o partido PSB em si, afirmou uma fonte sob reserva ouvida pela coluna Cena Política deste JC. Por esse ponto de vista, a reaproximação de Miguel também às hostes socialistas não sofreria grandes impeditivos.

Nos bastidores, tem sido apontado que esse movimento ocorre no momento em que a governadora Raquel Lyra estaria tentando articular o apoio do União Brasil, não pela base de Miguel Coelho, mas do presidente nacional do partido, Luciano Bivar.

Um dos indicativos foi a nomeação do novo diretor-presidente da empresa Porto do Recife, Delmiro Gouveia, que foi apontado por Bivar para o cargo. Hoje, sabe-se que o União Brasil de Pernambuco se encontra em um processo de disputa pelo seu comando, onde Bivar e Miguel estão em grupos distintos.

RESPOSTA DA COMPESA

Leia a íntegra da nota enviada pela Compesa:

A Compesa esclarece à população de Petrolina que a atual diretoria da empresa vem concentrando esforços para resolver a questão do esgotamento sanitário, considerada crítica, em decorrência da má gestão passada.

Há cerca de dois anos, o governo anterior, apesar dos apelos feitos pelos técnicos da Companhia, não adotou qualquer providência para resolver a questão da manutenção dos veículos de esgoto, que contavam com onze equipamentos e deixaram apenas dois em funcionamento para atender toda a cidade.

Aliado a essa questão, Petrolina é uma cidade que não tem sistema de drenagem na maior parte do seu território. A Compesa arca com prejuízos elevados em decorrência da ausência de drenagem na cidade, pois a população usa o sistema de esgotamento sanitário para escoar água da chuva, atividade que não é compatível com um sistema de esgoto.

Além da falta de drenagem, há também o mau uso do sistema com lançamento de lixo, entulhos e diversos tipos de materiais que impedem o bom funcionamento de um sistema de esgoto.

O despejo de gordura e óleo de cozinha nas pias também impacta negativamente no funcionamento dos sistemas de esgoto, causando obstruções nas redes coletoras e extravasamento de esgoto nas vias, além de acelerar o desgaste dos veículos de manutenção.

A atual gestão da Compesa trabalha para resolver a situação de esgoto de Petrolina. Um Plano de Ação está sendo finalizado para definir e garantir as intervenções necessárias para a melhoria da prestação dos serviços de esgoto na cidade

Enquanto isso, apenas nesta semana, a Compesa remanejou dois veículos de outras cidades para suprir a operação de alguns veículos que apresentaram problemas mecânicos. Um terceiro caminhão chegará a Petrolina na terça-feira (11), e outro veículo, tipo Roots, foi alugado para reforçar o atendimento das demandas da cidade, que entrará em operação, também, a partir da terça-feira.

Com o reforço desses quatros veículos, que se somarão aos dois que continuam fazendo os serviços de desobstrução das redes coletoras de esgoto, a previsão é que, em dez dias úteis, a contar a partir da próxima segunda-feira (10), a Compesa tenha condições de zerar todos os serviços pendentes, solicitados por meio dos canais de atendimento da empresa.

Em paralelo a essas ações emergenciais, a Compesa está finalizando as tratativas legais para a assinatura de um contrato de locação para inserir outros veículos para o atendimento dos serviços de esgoto em Petrolina.

Por fim, a Compesa lamenta os transtornos vivenciados pelos moradores de Petrolina, e ressalta que vem trabalhando para melhorar os serviços prestados pela Companhia em todo o Estado.

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