O novo bloco parlamentar capitaneado por Arthur Lira (PP-AL) que reúne nove partidos e 173 deputados captura um terço da Câmara e será decisivo para votações importantes do governo. O grupo União Brasil, PP, PSB, PDT, Avante, Patriota, PSDB, Cidadania e Solidariedade encabeça o núcleo com o maior número de parlamentares, um movimento que também deve sanar a queixa das legendas que se sentiram prejudicadas nas escolhas das presidências das comissões.
A iniciativa também foi uma resposta à formação de um bloco entre MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC dias antes, que agrega 142 parlamentares, o segundo maior. Juntos, somam 315 congressistas e reúnem 61% da Casa, o que seria suficiente para a aprovação de um projeto de lei e de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Isolados, o PL, principal partido da oposição, com 99 deputados, e a federação PT-PV-PCdoB, com 81 deputados, perderam a liderança e vice-liderança na composição da Câmara. Como mostrou a Coluna do Estadão, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tentou dissuadir as siglas de centro-esquerda, PDT e PSB, a aderir ao seu grupo até último momento. Porém, as duas legendas já tinham estabelecido acordo com Lira.
Na visão do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), a entrada de um partido alinhado à centro-esquerda a um bloco dominado especialmente por partidos mais próximos da direita não é por um fator ideológico ou eleitoral, mas parlamentar. A entrada do seu partido, na sua análise, é uma questão de sobrevivência. "A Câmara virou bloco. Ou você está em um, ou está fora. Isolados, somos pequenos. Dentro, somos grandes", disse.
Ele também ecoa uma insatisfação generalizada dos partidos sobre o resultado do comando das comissões, em que maior parte das principais presidências ficaram com o PL ou com o PT. "O PT pegou tudo o que podia e mais um pouco. Agora, passamos a poder ocupar espaços mais justos. Se a Câmara optou por esse modelo, precisamos entrar no jogo."
Para o líder da federação petista, Zeca Dirceu (PT-PR), ainda que os dois blocos não sejam nem a favor nem contra o governo, o diálogo se facilita. "Falar com 20 líderes, partido por partido, fica muito difícil para qualquer governo", disse Zeca Dirceu.
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