O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse a senadores que as Forças Armadas "não têm mais participado de política". Segundo ele, agora há atuação conjunta entre os comandos militares para decidir sobre questões de interesse das tropas.
A declaração foi feita ao lado dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
"Em momento nenhum as Forças têm participado de política. Temos tido uma atuação conjunta, permanente e dedicada de todos os comandantes, do Estado-Maior, para que nossas atividades sejam voltadas para dentro das Forças", afirmou o ministro. "As Forças estão desempenhando o papel que a sociedade deseja."
A fala de Múcio vai ao encontro do discurso feito no Dia do Exército, em 19 de abril, pelo comandante Tomás Paiva. Na ocasião, ele defendeu que as Forças Armadas devem atuar em defesa da democracia e de forma apolítica.
Diante dos senadores, o ministro defendeu o projeto do governo Luiz Inácio Lula da Silva que propõe mandar automaticamente para a reserva os militares que participarem da vida política ou disputarem eleições, mesmo que não sejam eleitos.
"Qualquer militar que se dispuser a entrar na política, com sucesso ou insucesso, não voltará para as Forças Armadas. Isso porque a experiência diz que aqueles que não têm sucesso (na eleição) voltam (para as Forças Armadas) para se preparar para um novo pleito, com proselitismo político, e começa a fazer campanha dentro das próprias Forças, prejudicando a blindagem de dois vetores importantíssimos, que são a disciplina e a hierarquia", disse Múcio.
A presença do ministro da Defesa e do Alto-Comando das três Forças na comissão do Senado também serviu para cobrar apoio dos parlamentares a projetos de ampliação dos repasses de recursos voltados às atividades militares.
O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, chegou a sugerir a redação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para atrelar despesas da Força ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Ele afirmou que a renovação dos recursos é "muito acanhada", de modo que a Marinha pode ser obrigada a dar baixa em 40% de seus quadros nos próximos cinco anos.
"Por isso que nós viemos aqui atrás de que os senhores nos acudam, como diz no meu Estado (Pernambuco). A gente precisa fazer planos futuros, planejamento para muitos governos e nós não podemos sofrer interrupção (no repasse de recursos). A gente compra um equipamento, depois falta dinheiro para alguma coisa e aquela entrega é atrasada", disse Múcio.