O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Álvaro Porto (PSDB), considerou a eleição do deputado Rodrigo Novaes (PSB), realizada por votação secreta nesta terça-feira (23), para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), uma reafirmação da autonomia do Poder Legislativo.
“Nós tivemos essa votação sem precisarmos oferecer nada em troca, sem querer passar por cima de deputados, achando que estava ‘num balcão de bodega’ para comprar deputados, mas isso não aconteceu”, disparou o presidente da Alepe.
Sem citar nomes diretamente, o correligionário da governadora Raquel Lyra (PSDB), classificou essa tentativa de “derrotar a Casa” como algo que teria partido de “forças ocultas”.
No entanto, foi evidenciado nos últimos dias, a força tarefa que o Palácio do Campo das Princesas realizou com deputados e lideranças políticas em prol do nome de Joaquim Lira (PV), mas que acabou resultando em 18 votos favoráveis, contra 30 votos para Rodrigo Novaes, e um voto nulo.
O vice-líder do Governo Raquel Lyra na Alepe, o deputado Joãozinho Tenório (Podemos), discordou do das colocações críticas do presidente Álvaro Porto, afirmando não crer que tenha havido um “balcão de negociações".
“A equipe da governadora e a base do seu governo aqui na Alepe tratou com alguns deputados, a simpatia pelo nome de Joaquim Lira, que foi uma questão que surgiu da própria base. Mas, cada um vota como quer e nós tínhamos certeza de que a Casa estaria bem representada, quer seja com a indicação de Joaquim, quer seja com a indicação de Rodrigo. Desejamos a Rodrigo (Novaes) todo sucesso e tenho certeza que ele honrará a confiança dos pernambucanos assim como Joaquim Lira também honraria”, disse.
O vice-líder do governo também foi questionado se o apoio de Raquel Lyra à Joaquim Lira, e as movimentações do Palácio para impedir a concretização do favoritismo de Rodrigo Novaes, algo que vem sendo apontado desde que ele começou a trabalhar pelas assinaturas necessárias para inscrever sua candidatura ao cargo de conselheiro, teria chegado de forma tardia.
Em resposta, Joãozinho Tenório disse que é difícil cravar que houve uma perda de "timing" na busca por apoio junto à Casa. “Quando de repente a gente torce por um resultado e não dá certo, procura-se o culpado. Quando não se encontra o culpado, procura-se o tempo, então é difícil cravar o real motivo para a não eleição de Joaquim Lira para o Tribunal”, concluiu o parlamentar.
O recém eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), Rodrigo Novaes, que substitui a ex-conselheira Teresa Duere, evitou comentar diretamente a crítica feita pelo presidente Álvaro Porto, a quem fez questão de agradecer pelo apoio durante seu discurso.
Ao falar das dificuldades e desafios enfrentados nessa disputa e das possíveis interferências externas na escolha dos deputados, Novaes disse apenas que isso faz parte do processo político.
“Não quero apontar dedos e nem fazer comentários. A Assembleia decidiu autonomamente quem irá representar o Legislativo no conselho do Tribunal de Contas. Vamos agora incrementar esse aspecto não fiscalizador, somente, mas vamos incrementar esse orientador e formulador da gestão pública e buscar eficiência dos gastos públicos”, declarou Rodrigo Novaes.
TRÂMITES
A votação desta terça-feira definiu a renovação da segunda vaga surgida neste ano no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE). Na última terça-feira (16), 47 deputados votaram a favor do nome do advogado Eduardo Porto para o órgão fiscalizador. Sobrinho do presidente da Alepe, Álvaro Porto, o advogado assumiu a vaga aberta pela aposentadoria do conselheiro Carlos Porto Barros, que é o seu pai.
Após a Reunião, o nome de Rodrigo Novaes foi encaminhado para ser nomeado pela governadora Raquel Lyra, que encontra-se em Brasília. Com a saída do deputado do PSB , Diogo Moraes, que estava como suplente após a eleição de 2022, retorna à Casa Joaquim Nabuco.
