Marina e Padilha: ministros divergem sobre MP que tirou poderes do Meio Ambiente
Enquanto ministra foi à Câmara reclamar das mudanças, Alexandre Padilha minimizou o impacto para a atuação do Poder Executivo
Na semana em que comissão especial do Congresso aprovou nova versão da Medida Provisória que define a estrutura dos ministérios do governo Lula esvaziando os poderes da pasta do Meio Ambiente, ministros do governo petista vieram a público expondo opiniões divergentes sobre o tema. Enquanto a ministra da área ambiental, Marina Silva, foi à Câmara reclamar das mudanças, o responsável pela articulação política, Alexandre Padilha, minimizou o impacto para a atuação do Poder Executivo.
Na quarta-feira, 24, Marina foi à Comissão de Meio Ambiente e deixou claro que o texto que estava sendo proposto na Comissão Especial da MP 1154 era prejudicial ao governo. "Os impactos são muito grandes. Eu diria que eles são grandes para além da gestão ambiental em si mesma. Isso, por si só, já é algo bastante prejudicial", declarou Marina.
Dois dias depois, após reunião de Lula com Marina e outros ministros do Planalto, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais do governo, Alexandre Padilha, adotou outro discurso. "Apesar de pontos que não foram da concordância do governo, isso não impede o governo de implementar suas políticas. Não há esvaziamento da agenda da sustentabilidade do governo. Nem do governo, nem dos ministérios, porque isso aqui não é ministério isolado. É um time coordenado e articulado", disse, em entrevista coletiva, na sexta-feira, 26.
No mesmo dia em que Padilha fez essa avaliação, o Planalto se comprometeu a ainda tentar fazer ajustes no texto que está em tramitação no Congresso. Mas trabalha contra o tempo porque a MP precisa ser votada no Legislativo até o dia 1º de junho para não caducar, o que levaria o governo de Lula a ver extintos os novos ministérios criados pela gestão petista.
Embora o governo tenha sinalizado que pretende reverter pontos da nova versão da MP, o relator do texto no Congresso, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), declarou ao Estadão que a proposta foi construída em conjunto com o Palácio do Planalto e que não foi procurado para rever trechos do texto.