Os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel Boric, reagiram à fala do presidente Lula (PT) de que as denúncias de autoritarismo na Venezuela se devem a uma "narrativa".
Para o uruguaio, o pior a se fazer em relação à Venezuela é "tapar o sol com o dedo".
"Fiquei surpreso quando se falou que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já sabem que nós pensamos sobre a Venezuela e o governo venezuelano", disse o presidente do Uruguai.
As declarações ocorreram na presença de Lula, durante cúpula promovida em Brasília pelo governo brasileiro com todos os chefes de Estado da América do Sul.
Por fim, Lacalle justificou seu comentário afirmando que os direitos humanos e a democracia eram temas discutidos durante a cúpula, e que era importante abordar esse assunto.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, por sua vez, afirmou que a situação na Venezuela é algo sério, não apenas uma "narrativa".
"Não se pode fazer vista grossa a princípios importantes. Discordo do que Lula disse ontem. Não é uma construção narrativa, é uma realidade e tive a oportunidade de ver em centenas de milhares de venezuelanos que vivem na nossa pátria", afirmou Boric.
Após a cúpula, o presidente chileno expressou satisfação com a presença da Venezuela nesses espaços, pois acredita que somente dessa maneira os problemas podem ser resolvidos.
A FALA DE LULA SOBRE A VENEZUELA
Na segunda (29), Lula recebeu Nicolás Maduro no Palácio do Planalto, e após o encontro, durante uma coletiva de imprensa, o presidente brasileiro criticou o que classificou como uma "narrativa" contra a Venezuela.
"Acho que cabe à Venezuela mostrar a sua narrativa para que possa efetivamente fazer as pessoas mudarem de opinião", declarou.
"É preciso que você construa a sua narrativa. E a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que o que eles têm contado contra você", acrescentou.
RETOMADA DA UNASUL
A Unasul foi uma associação de 12 países da América do Sul criado em 2008 que, para fins práticos, não está mais funcionando. A Unasul teve sua volta defendida por Lula e por Alberto Fernández, presidente da Argentina.
"Não é um espaço ideológico, é um espaço de interesses comuns, que nós devemos aprofundar e desenvolver", disse Fernández.
Lacalle e Boric, não foram a favor da ideia de retomada do projeto.
"Acho que temos que parar essa tendência à criação de organizações. Vamos às ações. O presidente do Chile, Gabriel Boric, entre outros, levantou pontos pontuais, como no caso de catástrofes e outras coisas. O mesmo fez o presidente Lasso. Me parece oportuno, presidente Lula, ir às ações, revisar as ações. Tomar o caminho que começamos em tantas coisas e voltar atrás nos caminhos que foram equivocados", disse Lacalle.
Com Estadão Conteúdo
