Atos Golpistas

CPMI do Golpe deve abrir trabalhos com ação da PRF no segundo turno

Plano de trabalho inclui investigação de ex-ministro da Justiça

Imagem do autor
Cadastrado por

Esaú Júlio

Publicado em 06/06/2023 às 15:54
Notícia
X

O plano de trabalho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará os atos antidemocráticos de 8 de janeiro foi apresentado nesta terça-feira (6) pela senadora Eliziane Gama (PSB-MA), relatora do colegiado. A maioria da comissão precisa aprovar o documento.

O plano prevê que a CPMI do Golpe inicie sua investigação pela atuação do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, em relação à Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022 e às manifestações golpistas ocorridas nas rodovias nacionais após o resultado do pleito.

Além disso, serão investigados outros fatos conexos, como a atuação de Anderson Torres como secretário de Segurança Pública do DF, os acontecimentos dos dias 12 e 24 de dezembro, o acampamento na região do Quartel-General do Exército em Brasília, entre outros.

A senadora argumentou que é necessário conhecer as ações que antecederam o dia 8 de janeiro para entender a invasão da praça dos Três Poderes. O relatório apresentado destaca a investigação dos atos dos dias 12 e 24 de dezembro em Brasília e Eliziane Gama afirmou que a apuração dos autores intelectuais e financiadores dos atos do dia 24 será um grande passo nas investigações.

O QUE DIZ A OPOSIÇÃO? 

Problemas com o plano de trabalho proposto foram apontados pelos oponentes. O deputado federal Felipe Barros (PL-PR) concorda com a investigação em ordem cronológica, mas afirmou que as ações da PRF durante o segundo turno estão fora do escopo do CPMI.

"O objetivo não é analisar as operações da PRF no dia da segunda rodada, quando não havia pessoas nas ruas ainda protestando. Se vamos estendê-lo a outros eventos, sugiro que também investiguemos o excesso, para usar outro termo, as ações do TSE", disse o representante do Paranaense.

O delegado adjunto Ramagem (PL-RJ), que chefiou a Agência de Inteligência Brasileira (Abin) sob o governo de Bolsonaro, também questionou o relatório e Elisiane. Para ele, não há como conectar a ação do PRF no segundo turno das eleições com o objetivo da comissão. De acordo com Ramagem, "os IPCs lidam com um fato específico e são baseados exatamente nesse fato específico, que é o pedido de abertura do CPI ou CPMI".

EM QUE A BASE DAS INVESTIGAÇÕES SE APOIA?

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) elogiou o plano de trabalho e afirmou que os atos golpistas só ocorreram porque existia o questionamento do resultado das eleições e da posse do presidente Lula. “Isso tudo foi um processo coordenado desde o processo eleitoral”, destacou Jandira, que considerou correto o roteiro de Elisiane. “O 8 de janeiro não é só o 8 de janeiro, é um processo”, afirmou a parlamentar.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) foi no mesmo sentido e apontou uma tentativa de “tirar o foco de quatro anos de construção e de estímulo contra a democracia, contra as instituições democráticas no Brasil”. Para ele, os atos ocorridos no dia 8 foram “só a catarse de um povo desesperado que achava que teria um golpe no Brasil”. O senador acrescentou que foi trabalhada a ideia de um golpe, que urnas questionadas e que o presidente eleito não tomaria posse.

 

Por Agência Brasil

Tags

Autor