Comunicação

Lula aposta em lives, como Bolsonaro, e sugere diferença ideológica com agro

Versão petista das lives que marcaram o governo anterior, o programa "Conversa com o Presidente" foi transmitido do Palácio da Alvorada

Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Estadão Conteúdo
Publicado em 13/06/2023 às 21:59
Reprodução/YouTube Lula
A fala do presidente foi dirigida principalmente para o setor do agronegócio - FOTO: Reprodução/YouTube Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estreou esta terça um modelo de comunicação adotado com sucesso pelo seu antecessor Jair Bolsonaro (PL).

Versão petista das lives que marcaram o governo anterior, o programa "Conversa com o Presidente" foi transmitido do Palácio da Alvorada, tendo como âncora o jornalista Marcos Uchôa, com longa carreira na TV Globo e que hoje integra a equipe da TV Brasil.

A fala do presidente foi dirigida principalmente para o setor do agronegócio. Lula afirmou que "nunca teve problema" com o agro e atribuiu a divergências ideológicas a resistência ao seu governo do segmento que representa a maior parcela do PIB brasileiro.

O projeto de fazer lives para um contato mais estreito com a população já vinha sendo discutido pelo governo. A estreia ocorreu num momento em que os índices de popularidade do presidente e de aprovação do sua gestão oscilaram negativamente, conforme a mais recente pesquisa Ipec.

Ao contrário das centenas de milhares de espectadores que Bolsonaro conseguia reunir em suas lives - que eram mais improvisadas e não tinham o cuidado técnico e a preparação da versão petista -, a transmissão de Lula teve uma audiência que pode ser considerada ainda tímida.

No YouTube, as visualizações simultâneas foram de 5,8 mil; no Facebook, ao final da transmissão, somaram 9,4 mil. O Twitter registrou números melhores, mas aquém do esperado pelo governo, com 34,5 mil visualizações.

O "Conversa com o Presidente" foi veiculado no canal oficial do presidente no YouTube, que possui cerca de 1,3 milhão de seguidores ativos. Os apoiadores de Lula dominaram os comentários na estreia do programa. Mensagens favoráveis ao petista dividiram espaço com cobranças por uma melhor divulgação do governo.

FINANCIAMENTO

Na entrevista, Lula citou o financiamento ao agronegócio. Sem conseguir levar ao público feitos concretos neste início de gestão, o petista gastou um tempo considerável falando de suas relações com o agronegócio, setor com o qual mantém relação tensa no terceiro mandato.

"Governei oito anos esse país. Eles sabem tudo o que fizemos nesse país, eles sabem da responsabilidade com o salto de qualidade que tivemos no agronegócio por causa do financiamento que nós fazíamos. Eles sabem que, do ponto de vista econômico, eles não tem problema conosco, do ponto de vista de financiamento. O problema pode ser ideológico. Se for ideológico, paciência, nós vamos estar em campos ideológicos diferentes", afirmou o petista.

O presidente voltou a dizer que não há incompatibilidade entre pequenos, médios e grandes produtores e afirmou que eles precisam viver em harmonia. A relação do governo com Movimento dos Sem Terra (MST) - que está na mira da CPI do MST, em andamento na Câmara dos Deputados - é o principal foco de tensão com o agro.

A investigação parlamentar é reflexo do recrudescimento das invasões promovidas pelo movimento neste ano, principalmente durante o "Abril Vermelho". Como mostrou o Estadão, em três meses, o atual mandato de Lula já acumulava mais invasões do que todo o primeiro ano da administração Bolsonaro. Em abril deste ano, o petista levou para encontro com o presidente da China, Xi Jinping, o principal líder do MST, João Pedro Stédile.

Lula defendeu uma reforma agrária "tranquila e pacífica, sem guerra". O presidente afirmou que cabe ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realizar o levantamento de terras improdutivas no Brasil. A partir destas informações, o governo pretende fazer os assentamentos necessários.

Edição do Jornal

img-1 img-2

Confira a Edição completa do Jornal de hoje em apenas um clique

Últimas notícias