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Após divulgar relatórios da Abin, senador é alvo de operação da PF

A Polícia Federal cumpriu três mandados de busca e apreensão no gabinete e em outros dois endereços ligados ao senador

JC
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Publicado em 15/06/2023 às 23:02
Jefferson Rudy/Agência Senado
No momento da operação, Marcos do Val não estava em Brasília - FOTO: Jefferson Rudy/Agência Senado

A Polícia Federal cumpriu três mandados de busca e apreensão no gabinete e em outros dois endereços ligados ao senador Marcos do Val (Podemos-ES). As diligências foram decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A PF chegou a pedir a prisão do parlamentar, mas Moraes não acolheu a solicitação. Na operação, os agentes apreenderam o celular do senador. Suas redes sociais foram suspensas no fim da tarde.

O senador é investigado pelos crimes de divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Somadas, as penas máximas para esses delitos alcançam 31 anos e seis meses de prisão.

No momento da operação, Marcos do Val não estava em Brasília. Era seu aniversário, e o senador se encontrava em Vitória (ES). Dias antes, ele havia distribuído convites para uma festa, que seria realizada hoje. Seu partido, o Podemos, havia publicado no Twitter uma saudação de aniversário. "Desejamos que seja uma linda fase, repleta de muita saúde, conquistas e objetivos alcançados", dizia o texto.

A operação se dá na mesma semana em que o parlamentar divulgou trechos de relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com alertas sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. No post, Marcos do Val afirmou: "Vocês irão ver a prevaricação dos ministros Flávio Dino, Gdias (Gonçalves Dias), Alexandre de Moraes e do presidente Lula".

Também nesta semana, o senador fez publicação em que sugeria que o ministro Alexandre de Moraes fosse investigado no inquérito que está sob sua própria relatoria, sobre os atos antidemocráticos. Na semana passada, Marcos do Val revelou estar se articulando, com outros colegas de Casa, para abrir uma investigação parlamentar sobre o Supremo.

Ontem à noite, em entrevista à GloboNews, o parlamentar afirmou que Alexandre de Moraes ordenou a operação porque "se sentiu afrontado" pelas acusações. "Eu já tinha chegado, em investigação, aos ministros", afirmou o senador.

SWAT

Ex-militar da Infantaria, Marcos do Val tornou-se conhecido como instrutor de artes marciais - o que, segundo ele, fez com que fosse chamado a participar de treinamentos na Swat, força de emergência de polícias americanas. Do Val também foi responsável por treinar figurantes do filme Tropa de Elite para fazer, dentre outros exercícios, incursão em comunidades do Rio.

Marcos do Val diz que operação é 'tentativa de intimidá-lo' e admite ter mentido à imprens

Marcos do Val disse que a operação feita pela Polícia Federal em seu gabinete é uma "tentativa de intimidação" capitaneada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O parlamentar também desafiou o magistrado. "Se eu fui incluído como um possível suspeito de um ato antidemocrático, o ministro precisa ser incluído também, porque ele que me pediu para ir a essa reunião", disse em entrevista à GloboNews.

A reunião à qual o senador se refere é um suposto encontro, convocado por Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira, no qual eles pretendiam organizar um golpe de Estado. Do Val diz que foi aconselhado por Moraes a comparecer, com o objetivo de obter informações.

O senador comparou a situação que está passando com uma "emboscada" arquitetada pelo ministro. "É como se eu dissesse para você: ‘Olha, vai lá onde está vendendo droga, me diz o que está acontecendo’. E depois você volta, e eu te incluo no inquérito dizendo que você é traficante", disse durante a entrevista.

Nesta quinta, Do Val admitiu ter mentido para a imprensa, usando de uma estratégia que ele chamou de "persuasão". "Desde a Segunda Guerra Mundial isso é usado, para ter engajamento da imprensa para mandar as mensagens que eu precisava mandar, que era para os ministros", disse o senador.

De acordo com o senador, no depoimento que ele já havia prestado no bojo das investigações a que responde na Polícia Federal, é que está "a versão verdadeira, com detalhes até da roupa que todo mundo estava usando. O que foi dito para a imprensa não era nada oficial. Eu usei a estratégia da persuasão".

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