Bloco econômico

Sem citar Venezuela, Brasil defende ampliar Mercosul

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fez discurso de abertura na cúpula do grupo nesta segunda-feira

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Publicado em 03/07/2023 às 23:18
Antonio Cruz/Agência Brasil
Ao citar os países que o Brasil buscaria um aprofundamento nas relações comerciais, Mauro citou especificamente Chile, Colômbia, Peru e Equador - FOTO: Antonio Cruz/Agência Brasil

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu a ampliação do Mercosul durante o seu discurso de abertura na cúpula do grupo nesta segunda-feira, 3. O chanceler citou alguns países, como a Bolívia, e deixou de fora a Venezuela, que tenta retornar ao bloco com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O discurso de Mauro aconteceu na véspera da passagem da presidência do grupo da Argentina para o Brasil e destacou o compromisso do Brasil com a integração regional. "Daremos continuidade ao processo de aproximação do Mercosul com a América Central e o Caribe, na busca de novas oportunidades de negócios para nossos operadores econômicos", declarou.

Ao citar os países que o Brasil buscaria um aprofundamento nas relações comerciais, Mauro citou especificamente Chile, Colômbia, Peru e Equador, países associados ao bloco. Hoje, os países-membros do Mercosul são Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

A Venezuela também fez parte do grupo, mas foi suspensa em 2016. "Devemos aproveitar essa oportunidade para ampliar e aprofundar esse acervo de acordos comerciais com a região, sob pena de ficarmos para trás perante outras regiões e países extrazona", acrescentou.

Dois dos principais temas da agenda do Mercosul ficaram de fora das decisões da atual cúpula. Não deve haver uma resposta comum à carta de compromissos ambientais proposta pelos europeus no âmbito do acordo entre UE e Mercosul. O regresso da Venezuela ao bloco também ficou de fora da pauta.

Relações com a Venezuela

Desde o início do governo, Lula reatou laços diplomáticos com Caracas, ajudou na reabilitação internacional do ditador Nicolás Maduro e passou a defender a reintegração da Venezuela ao bloco.

O assunto, porém, deve ficar para o segundo semestre e não será alvo de discussões substanciais para tomada de decisão entre os presidentes na próxima cúpula.

O retorno de Maduro ao bloco depende de avaliações de todos os países do Mercosul - não é uma decisão de um só país. E mesmo Lula não pretende pautar o assunto, embora seja do interesse do governo brasileiro.

"Na agenda desta cúpula, entendo que não está prevista qualquer discussão", disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores.

"Evidentemente, nesse contexto de retomada de diálogo que estamos promovendo com a Venezuela, esse assunto deverá ser debatido em algum momento. Nós gostaríamos de ver a Venezuela reintegrada ao Mercosul."

O principal entrave é ausência de democracia no país vizinho. Em agosto de 2017, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai reconheceram a "ruptura da ordem democrática" e suspenderam formalmente a participação da Venezuela no Mercosul, conforme previsto no Protocolo de Ushuaia.

A decisão afirma que "a suspensão cessará quando se verifique o pleno restabelecimento da ordem democrática na República Bolivariana da Venezuela".

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