Desabamento no Janga

Governo de Pernambuco e Prefeituras precisam tomar à frente na discussão dos prédios interditados e reocupados

Até o momento, a governadora Raquel Lyra e o prefeito de Paulista, Yves Ribeiro, tomaram medidas emergenciais e protocolares. Nenhum deles apareceu no local do desabamento nem anunciou medidas mais condundentes

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Adriana Guarda

Publicado em 08/07/2023 às 16:44 | Atualizado em 08/07/2023 às 17:53
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Quantas tragédias em prédios interditados e reocupados no Grande Recife terão que acontecer para que o governo de Pernambuco e as Prefeituras da RMR tomem à frente nesta discussão? O problema envolve construtores, seguradoras, bancos, Judiciário e Ministério Público.

Se algumas dessas partes estão falhando com suas obrigações, as gestões estadual e municipal precisam intervir em defesa da população. Os governos não podem chegar para mitigar os efeitos da tregédia, mas para defender os direitos e as vidas das pessoas. A população espera mais que postagens de solidariedade nas redes sociais e o trabalho de socorro e atendimento às vítimas de obrigação do governo. 

Guga Matos/JC Imagem

Bombeiros concluíram o trabalho de buscas neste sábado (8/7), contabilizando 14 mortos - Guga Matos/JC Imagem

Parece que a tragédia do Edifício Leme, em Olinda, que vitimou seis pessoas em abril, ainda não foi suficiente para chamar atenção para a crise da habitação social nos prédios interditados. A história se repetiu no Edifício Beira-Mar, no Janga, em Paulista, na sexta-feira (7), dessa vez numa extensão muito maior. Dos 20 moradores que estavam no bloco D-7 do prédio, 14 morreram. 

Até o momento, a governadora Raquel Lyra e o prefeito de Paulista, Yves Ribeiro, tomaram medidas emergenciais e protocolares. Nenhum deles apareceu no local do desabamento nem anunciou medidas mais condundentes, como uma investigação do comportamento das seguradoras, um levantamento das ações na Justiça, a identificação dos prédios com risco de desabamento, a decocupação assistida, a fiscalização para que não haja reocupação e a demolição dos edifícios em situação de risco. 

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Yves Ribeiro, prefeito de Paulista - REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

A pululação vulnerável de Pernambuco, que ocupa esses prédios interditados por falta de condição para pagar um aluguel, precisa ser incluída no plano de habitação elaborado pelo governo Raquel Lyra. Se a quantidade de famílias nessa condição era desconhecida, é necessário refazer o cálculo e incluí-las. O plano de governo de Raquel prevê a construção de 40 mil unidades habitacionais, uma tentativa de reduzir o imenso déficit de 326 mil unidades no Estado de acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).  

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LAMENTO NAS REDES SOCIAIS

A governadora publicou dois posts nas redes sociais, um no momento que a tragédia aconteceu, na sexta-feira (7), e outro no sábado (8), quando os Bombeiros concluíram o resgate, retirando uma mãe e seus dois filhos sem vida dos escombros. Raquel também adotou o mesmo posicionamento no caso do Edifício Leme, em Olinda.  

"É com tristeza que recebemos a notícia de que as últimas vitimas do desabamento do Janga acabam de ser encontradas sem vida. Prestamos nossa solidariedade a familiares e amigos. O @GovernoPE segue à disposição e não medirá esforços para auxiliar as famílias que precisem de ajuda", diz o texto.

O prefeito de Paulista também usou as redes sociais para se pronunciar e foi bastante criticado pelos internautas por não ter aparecido no local do desabamento. Ele decretou luto de três dias no município, em solidariedade às vítimas do desabamento. Yves Ribeiro também publicou um vídeo e uma nota oficial. 

Na nota, o prefeito se solidariza com as famílias das vítimas do desabamento, detalha as secretarias que colocou à disposição para atender à população, diz que entregou ao presidente Lula (em visita ao Estado) um diagnóstico da situação dos prédios caixão na RMR., elaborado pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia.

No texto ele também aproveita para fazer agradecimentos políticos, citando a governadora, o prefeito do Recife, João Campos e os prefeitos dos municípios vizinhos. 

Segundo o secretário de Infraestrutura de Paulista, Jorge Carreiro, foi repassado para a assessoria do Presidente Lula os entraves jurídicos sobre a situação dos prédios do tipo caixão na RMR, mas apenas em conversa, sem a entrega de nenhum documento. Ficou acertado de marcar uma audiência para discutir o assunto, mas não tem data marcada.  

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