Relações Internacionais

Boric amplia divergência com Lula e esquerda latina em relação à Rússia

Presidente de Chile contesta leniência do brasileiro com relação à invasão da Ucrânia

Estadão Conteúdo
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Publicado em 19/07/2023 às 22:39 | Atualizado em 20/07/2023 às 15:29
JAVIER TORRES / AFP
Boric defendeu uma posição mais firme dos países da região contra a invasão - FOTO: JAVIER TORRES / AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 19, que seu colega chileno, Gabriel Boric, é "sequioso" e "apressado" em razão de suas críticas aos países latino-americanos que se recusaram a condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e vetaram menções aos russos na declaração final da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, em Bruxelas.

Na terça-feira, 18, Boric defendeu uma posição mais firme dos países da região contra a invasão. "O importante é o respeito ao direito internacional, que foi claramente violado por uma parte que é invasora, a Rússia", disse o presidente chileno, irritado com o impasse sobre a declaração final. "Hoje em dia, alguns não querem dizer que a guerra é contra a Ucrânia."

Quarta, Lula lembrou que "já teve a pressa de Boric", afirmando que durante reuniões internacionais em seu primeiro mandato queria que tudo fosse solucionado no mesmo instante. "Mas não são só os interesses do Brasil. Estávamos discutindo a visão de 60 países e temos de entender que nem todo mundo concorda com a gente."

"Eu não tenho por que concordar com o Boric, é uma visão dele. Eu acho que a reunião foi extraordinária. Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso, mais apressado, mas as coisas acontecem assim", disse Lula. "Foi a mais madura reunião que eu participei entre América Latina e UE, onde se discutiram os temas que se precisava discutir, e se chegou a um documento extremamente razoável."

BORIC JÁ MARCOU DIVERGÊNCIA EM RELAÇÃO À VENEZUELA

Lula e Boric, dois dos principais nomes da esquerda latino-americana, demonstraram publicamente divergências em maio, durante a cúpula de presidentes sul-americanos, em Brasília. Depois de o brasileiro afirmar que a Venezuela era "vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo", o chileno rebateu. "Não é uma construção narrativa, é uma realidade."

Quarta, assim que chegou a Paris e soube das declarações de Lula, o presidente chileno disse não ter se chateado. "Não me sinto ofendido, me sinto tranquilo por ter oportunidade de conversar com ele", afirmou.

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