ATAQUE A MINISTRO

PF em Roma recebe vídeos de hostilidade contra Moraes

A expectativa é a de que as gravações possam ajudar a dirimir contradições identificadas nas versões dadas sobre a confusão no aeroporto de Roma envolvendo Moraes

Agência Estado
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Publicado em 21/07/2023 às 0:15
Carlos Moura/SCO/STF
O casal teve endereços no interior paulista vasculhados pela PF na terça-feira passada - FOTO: Carlos Moura/SCO/STF

A Adidância da Polícia Federal em Roma recebeu ontem os arquivos das câmeras de segurança de Fiumicino, o aeroporto internacional da capital italiana, onde, segundo investigações, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi hostilizado, há uma semana. A corporação agora aguarda o aval de autoridades italianas para que as gravações sejam transferidas aos investigadores no Brasil, pelo canal de cooperação jurídica internacional.

A expectativa é a de que as gravações possam ajudar a dirimir contradições identificadas nas versões dadas sobre a confusão no aeroporto de Roma envolvendo Moraes, familiares do ministro e três brasileiros suspeitos de terem hostilizado o magistrado.

Os alvos principais da investigação são o casal Andréia Munarão e Roberto Mantovani Filho, além de Alex Zanatta Bignotto, genro de Mantovani Filho. O casal teve endereços no interior paulista vasculhados pela PF na terça-feira passada, no inquérito que investiga suspeita de crimes de injúria, perseguição e desacato. As fundamentações da ordem de busca e apreensão - autorizada pela presidente do Supremo, ministra Rosa Weber - ainda não foram tornadas públicas, mas já são questionadas por constitucionalistas e criminalistas. Eles alertam que a medida pode não ter "qualquer utilidade" para o inquérito.

VERSÕES DE DEPOIMENTOS

Antes de as gravações de Fiumicino chegarem à PF em Roma, os três suspeitos entregaram às autoridades brasileiras um vídeo da confusão na capital italiana. As imagens, segundo relato do advogado Ralph Tórtima Filho, que defende Andréia e Mantovani Filho, mostrariam Moraes xingando um dos supostos agressores de "bandido".

Ainda de acordo com o advogado, o vídeo teria sido gravado depois que o ministro se aproximou dos três investigados para retirar seu filho da confusão. Nesse momento, relatou Tórtima Filho, Moraes teria tirado uma foto do casal e de Bignotto e dito que o caso "teria consequências".

De acordo com a PF, no entanto, Andréia xingou Moraes de "bandido" e "comprado". Na sequência, o marido dela reforçou as ofensas e agrediu fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Além do casal, Bignotto teria dirigido à família de Moraes palavras de baixo calão.

Mantovani Filho, Andreia e Bignotto já prestaram depoimento e negaram ter hostilizado o ministro. Eles foram ouvidos na PF de Piracicaba, no interior paulista. A família reside na cidade de Santa Bárbara d'Oeste, a cerca de 30 quilômetros de Piracicaba.

Tórtima Filho disse que, no depoimento, Mantovani Filho relatou que houve um "entrevero" no aeroporto envolvendo o filho de Moraes. "Ele (Mantovani) reconheceu que houve um entrevero com um jovem. Somente quando desembarcaram e foram abordados pela Polícia Federal no aeroporto é que tomaram conhecimento de que se tratava de um filho do ministro", afirmou o advogado.

MOTIVAÇÃO DA CONFUSÃO COM MORAES

Ainda segundo o advogado, Mantovani e Andréia relataram que a confusão foi motivada por uma disputa por espaço na sala vip do aeroporto de Roma. Sem conseguir lugares, os dois teriam se incomodado ao ver Moraes passando com a família. "Para político tem lugar, para gente com criança, com idoso, não tem", afirmou Andréia, conforme o defensor.

De acordo com Tórtima Filho, Mantovani também negou à PF que tenha empurrado o ministro ou o filho de Moraes, mas admitiu ter "afastado" uma pessoa que teria ofendido sua mulher.

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