PF pede ao STF a quebra do sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro; entenda investigação
A Polícia Federal apura se presentes recebidos por Bolsonaro na qualidade de presidente, que deveriam ser incorporados ao acervo da União, foram omitidos e negociados para enriquecer o ex-chefe de Estado
Com Estadão Conteúdo
A Polícia Federal solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo fiscal e bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação é da jornalista Eliane Cantanhêde, do Estadão.
O pedido ocorre após a deflagração da Operação Lucas 12:2, que apura se Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros dois assessores do ex-chefe do Executivo 'atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-Presidente para posteriormente serem vendidos no exterior'.
Em nota, a defesa de Bolsonaro diz que o ex-presidente "coloca à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária".
Leia a íntegra da nota da defesa de Bolsonaro
Sobre os fatos ventilados na data de hoje nos veículos de imprensa nacional, a defesa do Presidente Jair Bolsonaro voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU -- ainda em meados de março, p.p. --, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito. O Presidente Bolsonaro reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária.
Entenda o caso das joias
A investigação indica a possibilidade do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência - responsável pela análise e definição do destino (acervo público ou privado) de presentes oferecidos por autoridade estrangeira ao Presidente - 'ter sido utilizado para desviar, para o acervo privado, presentes de alto valor, mediante determinação' de Bolsonaro.
A PF identificou, até o momento, a negociação de dois kits de joias da marca Chopard, duas esculturas douradas e um relógio, mas não descarta mais itens.
A apuração aponta que os presentes teriam sido levados aos Estados Unidos em aviões oficiais, da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Presidência da República.
Mensagens obtidas pela PF indicam que Mauro Cid teria contado com a ajuda do pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, para negociar as peças e repassar o dinheiro das vendas.
"Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em 'cash' ai´. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente. (.. ) E ai´ ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (...). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?", diz Mauro Cid em uma das conversas.