INVESTIGAÇÕES

Quem é Walter Delgatti, o ''hacker da Vaza Jato'' que presta depoimento na CPMI do 8 de Janeiro?

Delgatti presta depoimento nesta quinta-feira (17)

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Cadastrado por

Cássio Oliveira

Publicado em 17/08/2023 às 11:16 | Atualizado em 21/08/2023 às 11:46
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O hacker Walter Delgatti Neto presta depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, nesta quinta-feira (17).

A CPMI investiga atos golpistas contra a democracia brasileira e a invasão das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro deste ano.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) disse que o sigilo telemático de quem participou de reuniões sobre a possibilidade de invasão às urnas eletrônicas deve ser quebrado. A declaração foi feita após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto, que detalhou encontros com autoridades em 2022, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro, para tratar de ataques ao sistema eleitoral brasileiro.

Mas, quem é Walter Delgatti Netto?

Walter Delgatti Netto, que também ficou conhecido como “Hacker de Araraquara” foi preso pela Polícia Federal em 2 de agosto, ele?é alvo de investigação que apura a inserção de dados falsos sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Ele afirma à Polícia Federal que recebeu R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistema do CNJ e inserir falsos documentos e alvarás de soltura. Delgatti afirma ter agido a pedido de Zambelli com o intuito de desacreditar o Poder Judiciário. A deputada, por sua vez, nega ter pedido ou pago o hacker para que fizesse isso.

Zambelli diz ter pago R$ 3 mil para que o hacker fizesse melhorias no site e redes sociais dela. Ela contou ainda que apresentou Delgatti ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Segundo Zambelli, o hacker queria oferecer os serviços dele ao PL, participando de uma eventual auditoria nas urnas eleitorais eletrônicas. Porém, Zambelli disse que o negócio não foi fechado.

Vaza Jato

Delgatti ficou conhecido por ter extraído ilegalmente troca de mensagens entre Sergio Moro, então juiz da Operação Lava Jato, e o ex-procurador da República e o então coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, o que deu origem à chamada Vaza Jato, expondo os bastidores da Operação Lava Jato e reforçando os argumentos dos críticos que acusavam o Poder Judiciário de vazar informações sigilosas de forma seletiva, com objetivos políticos.

Em razão do vazamento, Delgatti responde também a processo, no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a invasão dos celulares do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e hoje senador, Sergio Moro (União Brasil - PR), e de outras autoridades. A ação levou o hacker pela primeira vez à prisão, em 2019.

De acordo com o advogado, Delgatti confirmou o que havia dito no primeiro depoimento à PF, em São Paulo, no mês passado. No depoimento de hoje, o hacker citou uma conversa e indicou pessoas próximas a Carla Zambelli envolvidas na invasão, conforme Moreira.

“Além de confirmar, ele produziu mais provas no sentido de que ele está falando a verdade”, disse o advogado à imprensa. Os R$ 40 mil, conforme a defesa, foram pagos em depósitos bancários e dinheiro vivo, entregue por um assessor de Zambelli.

Com as novas provas, Moreira espera que Delgatti seja colocado em liberdade. Em nota, a defesa da deputada Carla Zambelli informa que irá se manifestar somente após conhecimento dos autos e do depoimento. “A defesa da deputada Carla Zambelli reitera que somente se manifestará após integral conhecimento do conteúdo dos autos - o que ainda não aconteceu, inclusive de referido depoimento, porém reforça e rechaça qualquer acusação de prática de conduta ilícita e imoral pela parlamentar, inclusive, negando qualquer tipo de pagamento ao mencionado hacker”.

As informações são da Agência Brasil

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