OPERAÇÃO FEDERAL

Braga Netto é investigado por suspeita de desvios em intervenção no Rio

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de conluio e superfaturamento da ordem de R$ 4,6 milhões

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Agência Estado

Publicado em 12/09/2023 às 21:27 | Atualizado em 12/09/2023 às 21:28
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A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a militares que integravam o Gabinete de Intervenção Federal na segurança pública do Rio de Janeiro, em 2018. A investigação apura compra de coletes balísticos pelo governo Michel Temer (MDB) durante a operação federal. O general Walter Braga Netto - ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) - comandou a intervenção e é investigado, mas não foi alvo da ação da PF.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de conluio e superfaturamento da ordem de R$ 4,6 milhões. O contrato, sem licitação, foi firmado pelo Gabinete de Intervenção Federal para a compra de 9.360 coletes. O valor global do negócio foi de US$ 9,4 milhões.

A Operação Perfídia cumpriu mandados no Rio, em Minas, em São Paulo e no Distrito Federal. A PF afirma que o material foi comprado com sobrepreço de uma empresa americana, a CTU Security LLC. O inquérito teve início a partir de uma cooperação com autoridades dos Estados Unidos. As suspeitas surgiram durante a investigação dos EUA sobre o assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse, em julho de 2021.

Além da contratação, duas empresas brasileiras especializadas no comércio de proteção balística são investigadas. Elas têm inúmeros contratos com o poder público e, segundo a PF, são suspeitas de cartel.

‘DAR UMA FORÇA’

Conversas obtidas pelo serviço de imigração dos Estados Unidos e compartilhadas com a PF colocaram Braga Netto no centro das suspeitas. As mensagens indicam que o general recebeu lobistas e teria prometido "dar uma força" para viabilizar as contratações sem licitação. Braga Netto teve os sigilos telefônico e telemático quebrados.

A investigação amplia o desgaste de oficiais ligados a Bolsonaro Filiado ao PL, ele vinha sendo cotado como possível candidato à prefeitura da capital fluminense em 2024. O general da reserva é a aposta de Bolsonaro na cidade para evitar um racha do seu grupo político.

Inocentado pelo Tribunal Superior Eleitoral no caso da reunião com embaixadores, ele está livre para concorrer às eleições municipais do ano que vem. Apesar do apoio do clã Bolsonaro, Braga Netto tem reavaliado a intenção de concorrer à prefeitura, segundo integrantes do PL.

CONTRATOS SEGUIRAM TRÂMITES LEGAIS, DIZ GENERAL

Em nota, Walter Braga Netto disse que "não houve qualquer repasse de recursos ou irregularidade por parte da administração pública" durante o período e que "os contratos do Gabinete de Intervenção Federal seguiram absolutamente todos os trâmites legais previstos na lei brasileira".

Conforme Braga Netto, o contrato foi suspenso pelo próprio gabinete, "após avaliação de supostas irregularidades nos documentos fornecidos pela empresa". "Os coletes não foram adquiridos ou tampouco entregues. Não houve, portanto, qualquer repasse de recursos à empresa ou irregularidade por parte da administração pública."

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