Polícia busca ex-senador Telmário Mota, acusado de mandar matar mãe da própria filha
No ano passado, a filha de Telmário acusou o político de tê-la tocado de maneira imprópria e tentado forçá-la a tirar suas roupas
Uma operação conduzida pela Polícia Civil de Roraima está em andamento para capturar o ex-senador Telmário Mota, do Solidariedade-RR, que é acusado de ter encomendado o assassinato de Antônia Araújo de Souza, de 52 anos.
Antônia é a mãe de uma filha de 18 anos do ex-senador, que o acusou, em 2022, de tentativa de abuso sexual. As autoridades policiais estão buscando localizar Telmário em Brasília.
Além disso, mandados de prisão foram emitidos contra Harrison Nei Correa Mota, conhecido como Ney Mentira, e Leandro Luiz da Conceição.
Ney é suspeito de ter intermediado a contratação de Leandro, apontado como o executor dos disparos que tiraram a vida de Antônia em 29 de setembro, quando ela estava no veículo de um parente. Na ocasião, dois indivíduos em uma motocicleta abordaram o veículo.
De acordo com informações provenientes da investigação da Polícia Civil, obtidas pela Rede Amazônica, a decisão de assassinar Antônia teve origem em uma reunião na fazenda Caçada Real, onde Telmário Mota instruiu seu sobrinho a cometer o crime.
Os investigadores descobriram que a motocicleta usada pelos agressores no dia do crime foi adquirida por Ney. Conforme o relatório, o sobrinho entregou o veículo "a uma assessora do ex-senador para levá-lo a uma oficina e efetuar reparos e revisões. Em seguida, pediu à assessora que entregasse a motocicleta aos autores do crime em um local designado." A Polícia Civil afirma possuir um vídeo que registra a ex-assessora entregando a motocicleta aos criminosos um dia antes do ocorrido.
No ano passado, a filha de Telmário acusou o político de tê-la tocado de maneira imprópria e tentado forçá-la a tirar suas roupas em 14 de agosto, o Dia dos Pais. A adolescente registrou uma ocorrência policial contra o pai, e a Polícia Civil está investigando o caso. O ex-senador negou as alegações e alegou ser alvo de perseguição política. A mãe da jovem apoiou sua denúncia.
"Por ser meu pai e por termos passado tempo juntos diversas vezes, eu jamais imaginaria que isso pudesse acontecer. Desde a minha infância, mantive contato com ele. Embora fosse distante, eu era sua filha mais próxima. Ele nunca deu sinais de comportamento inadequado comigo, nem comigo nem com suas outras filhas. Isso abalou todo o meu mundo", afirmou a adolescente ao G1 no ano passado.
"Tudo isso me enche de raiva, mas também me atemoriza quanto ao que pode acontecer. Confio muito na minha filha e estou aqui para apoiá-la. Ela não merecia passar por isso", lamentou Antônia na época. Após a denúncia, o primeiro suplente de Telmário, Marcus Holanda, renunciou ao cargo.
Em 2016, o então senador foi acusado de agressão com base na Lei Maria da Penha pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A denúncia baseou-se no relato de agressão feito por uma jovem de 19 anos.
Ela registrou um boletim de ocorrência contra o senador em 31 de dezembro de 2015 e alegou que a agressão aconteceu em 26 do mesmo mês, resultando em seu desmaio após ser agredida. Exames médicos confirmaram lesões na cabeça, boca, orelha, dorso, braço e joelho.
Telmário foi senador de fevereiro de 2015 a janeiro de 2023.