Bolsonaro é alvo de operação e tem 24 horas para entregar passaporte
Aliados do ex-presidente, como Braga Netto, Augusto Heleno e Valdemar Costa Neto, estão entre os alvos
Com informações da Estadão Conteúdo
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (8) uma operação para apurar a organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Com o nome de Operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim), a ação da PF mira o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de aliados, como Braga Netto, Augusto Heleno e Valdemar Costa Neto.
A operação também já prendeu os ex-assessores Filipe Martins e Marcelo Câmara. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que Bolsonaro entregue o passaporte em até 24 horas.
Ainda na manhã desta quinta, Fabio Wajngarten, assessor de Bolsonaro, confirmou que o ex-presidente entrará o passaporte em cumprimento "em cumprimento às decisões de hoje".
Mais de 30 mandados
Segundo a Polícia Federal, estão sendo cumpridos um total de 33 mandados de busca e apreensão, além de quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão.
Entre elas, estão a proibição de manter contato com os demais investigados, suspensão do exercício de funções públicas e proibição de se ausentarem do País.
A operação acontece nos Estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
QUEM SÃO OS ALVOS DE BUSCAS NA OPERAÇÃO?
General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro;
Ailton Barros, coronel reformado do Exército.
EXÉRCITO ACOMPANHA OPERAÇÃO
Segundo a PF, o Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal. "Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado".
"Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital", diz a PF.
"O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022", acrescenta.
"O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível", conclui.