Golpe de Estado

PF investiga se general Braga Netto tentou arregimentar 'Kids Pretos' do Exército para golpe

Uma reunião no apartamento do então ministro da Casa Civil, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, é considerada pelos investigadores peça-chave no inquérito

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JC

Publicado em 26/03/2024 às 15:53
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A Polícia Federal (PF) investiga se o ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto (PL), tentou captar militares das Forças Especiais do Exército, os chamados "Kids Pretos", para um possível golpe de Estado a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada pela Reuters e confirmada pelo Estadão a partir de documentos da investigação.

A organização criminosa que, segundo a Polícia Federal, ensaiou um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era composta por seis núcleos. Braga Netto faria parte de duas frentes, responsáveis por incitar e influenciar militares a aderirem ao golpe de Estado.

A reportagem entrou em contato com o general e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestação.

Uma reunião no apartamento do então ministro da Casa Civil, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, é considerada pelos investigadores peça-chave no inquérito. Os participantes teriam discutido os valores para financiar hotel, alimentação e material de manifestantes bolsonaristas, incluindo militares.

A Polícia Federal investiga quem participou do encontro, presencialmente e por videoconferência. Maria Aparecida Villas Bôas, esposa do ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, teria participado online.

Mensagens obtidas pela PF no curso da investigação mostram que o tenente-coronel Mauro Cid, que fechou delação premiada e foi o pivô da Operação Tempus Veritatis, na época ajudante de ordens de Bolsonaro, ajudou a organizar protestos no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 15 de novembro de 2022, Data da Proclamação da República, e prometeu suporte das Forças Armadas para garantir a segurança dos manifestantes.

O tenente-coronel ofereceu R$ 100 mil para cobrir gastos com hospedagem e alimentação de manifestantes, além de materiais, e orientou que pessoas fossem trazidas do Rio.

Suporte

A PF identificou ainda um segundo encontro, também em Brasília, que teria sido marcado com o objetivo específico de arregimentar militares simpáticos ao plano golpista. Àquela altura, os aliados de Bolsonaro estariam em busca de suporte para impedir a posse de Lula e para restringir uma reação do Poder Judiciário, segundo relatórios do inquérito.

Mauro Cid e o coronel Bernardo Romão Correa Neto teriam articulado a reunião, que aconteceu no dia 28 de novembro de 2022 em um salão de festas na Asa Norte. "Só chamamos os FE (Forças Especiais)", confidenciou o coronel ao assessor de Bolsonaro em mensagem no WhatsApp. Os militares da elite do Exército brasileiro integram o Comando de Operações Especiais (Copesp) e usam gorros pretos nas operações - daí o nome do grupo.

A PF suspeita que a reunião serviu para o grupo redigir uma carta para pressionar o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, a aderir ao golpe de Estado após a vitória de Lula na eleição.

O ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) general Estevam Theóphilo, e seu assistente - o coronel Cleverson Ney Magalhães - foram questionados pela PF sobre a reunião, durante os depoimentos prestados no mês passado. O general negou ter participado do encontro. Já o assistente declarou que a reunião não passou de uma "confraternização informal".

Theóphilo foi apontado pela Polícia Federal como o "responsável operacional" por arregimentar as Forças Especiais do Exército para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento, disse que não sabia do plano.

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