Daniel Coelho diz que desafio da oposição no Recife é "tirar o filtro que separa a realidade da fantasia"

Na disputa eleitoral, Daniel afirma que "o filtro sobre o Recife foi colocado pelo marketing do prefeito mas a realidade é outra e vamos mostrar"

Publicado em 03/08/2024 às 7:38

-“Este jogo não está jogado” afirma o ex-deputado federal Daniel Coelho, 45 anos, candidato a prefeito do Recife pela terceira vez . Este ano vai ter um desafio ainda maior dos que encarou em 2012 quando enfrentou o ex-prefeito Geraldo Júlio do PSDB e terminou em segundo lugar, deixando para trás figuras expressivas da política como o atual senador Humberto Costa e o deputado federal Mendonça Filho, e em 2016, quando chegou em terceiro lugar atrás do próprio Geraldo e do ex-prefeito João Paulo(PT). Nos dois casos ajudou a levar a decisão para segundo turno.

“Esse menino é um danado e pode me atrapalhar”- disse, em 2012, o então governador Eduardo Campos ao senador Sérgio Guerra, do PSDB, que incentivou Daniel a entrar na disputa com apenas 1 minuto de propaganda eleitoral e com apoio de expressão apenas do PSDB. Eduardo queria que os tucanos tirassem Daniel para facilitar a vida do “técnico” Geraldo Júlio, cuja eleição foi pavimentada com um unhas e dentes em cada canto da capital. Eduardo tinha razão. Este exíguo tempo ocupado única e exclusivamente por Daniel e um grupo de simpatizantes com os quais ele falava levou o pleito para o segundo turno.
Agora ele relata que a Oposição, juntando o PSD (seu atual partido), o PL com Gilson Machado, o PSOL com Dani Portela e o Novo com Técio Teles terá 50% do tempo de propaganda eleitoral gratuita. Ele sozinho terá 25%. O que vai fazer com este tempo bem mais dilatado do que tinha em 2012 e 2016? O slogan de sua campanha já demonstra onde ele quer chegar: “Recife sem filtro”.

Daniel afirma que “o filtro sobre o Recife foi colocado pelo marketing do prefeito mas a realidade é outra e vamos mostrar. A cidade – expõe na ponta da língua - tem 150 mil pessoas passando fome, a desigualdade social aumentou ao ponto de sermos hoje a segunda capital mais desigual do país, conforme levantamentos oficiais recentes; o atual governo da cidade só despertou para a habitação e para cuidar dos morros após o desastre de Monte Verde que matou dezenas de pessoas; a saúde está um caos, a mobilidade nem se fala, é só ver como está o trânsito; e o transporte público foi esquecido e vem sendo mantido, inclusive agora que a governadora instituiu a tarifa única, exclusivamente pelo Governo do Estado”.

É na área de transporte que Daniel pretende, em seu programa de Governo, instituir a gratuidade para todas as pessoas carentes do Recife: “grande parte dos recifenses mais pobres estão desempregados e não têm condições de usar o transporte para buscar emprego ou ser atendido nos hospitais públicos. Já levantamos os dados e a Prefeitura pode bancar isso, garantindo, através da bilhetagem eletrônica, que essas pessoas andem de graça”.

Como enfrentar o desafio de enfrentar um prefeito que tem 75% da preferência dos recifenses sendo considerado imbatível hoje? Daniel acha que o trabalho maior deve ser feito na TV e nas mídias sociais: “uma campanha bem feita nessas áreas tem o poder de, em 15 dias, começar a mexer nos percentuais. O prefeito vai cair e quem está caindo nas pesquisas em uma eleição começa a ter que se explicar”. Para ele “construiu-se um personagem que não real, o prefeito é mais artista do que gestor e o desafio nosso, da oposição, é desvendar isso, mostrando o que está por trás das câmaras. O que temos no comando da cidade é um personagem dúbio que briga com o PT mas coloca o PCdoB na sua vice e não se sabe se ele é esquerda, centro ou direita”.

Indagado sobre a possibilidade de não haver debates uma vez que candidatos bem posicionados nas pesquisas podem limitar os debates ao 2.o turno, se houver, ele disse que “a oposição deve lutar pelos debates mesmo assim. Se o prefeito não for vamos cobrar a ida do vice que, pelo visto, caso o prefeito seja reeleito, é quem vai governar o Recife durante dois anos e meio e o povo precisa saber o que ele tem a dizer”.
Conhecido pela confiança em si próprio, Daniel acha que a eleição “vai para o segundo turno”. “No Recife – adianta – pouquíssimas eleições terminaram no primeiro turno. Sabemos que temos um prefeito que trabalha bem o marketing mas também não vamos brincar. Vamos lutar e muito para ganhar”.

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