Marçal deve mudar estratégia para diminuir rejeição e debates viram "reality shows", dizem especialistas
No debate promovido pela TV Cultura, o candidato do PSDB jogou uma cadeira contra Pablo Marçal (PRTB) após ser provocado pelo empresário
Após agressão de Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB), especialistas afirmam que debates viraram "reality shows" e que Marçal deve mudar estratégia para diminuir rejeição.
No debate promovido pela TV Cultura na noite do último domingo (15), o candidato José Luiz Datena (PSDB) jogou uma cadeira contra Pablo Marçal (PRTB) após ser provocado pelo empresário.
De acordo com Fábio Andrade, cientista político e professor do curso de Relações Internacionais da ESPM, o candidato Pablo Marçal vai tentar usar esse episódio como uma ferramenta para se posicionar como candidato antissistema.
“Existe uma percepção generalizada de que a violência política atinge principalmente a direita, e o fato de ele ter optado por não continuar no debate ontem demonstrou uma estratégia: ele já está usando as redes sociais para se vincular a isso.”
Mas, Andrade pondera sobre se a estratégia vai funcionar. “Pode ser que boa parte do público, especialmente aqueles mais acostumados à violência cotidiana, encare uma situação com naturalidade, como fez o Datena.”
Segundo Paulo Ramirez, cientista político e professor da ESPM, os debates políticos mudaram. O foco, que antes estava em questões relacionadas ao desempenho dos candidatos, como denúncias de superfaturamento de obras ou articulações entre partidos, hoje migrou para ataques pessoais e discussões de âmbito privado.
“Esse fenômeno é, em grande parte, impulsionado pela ascensão das redes sociais, que descentralizaram a produção e circulação de informações, antes concentradas nos canais televisivos.”
Sobre o discurso de ódio, amplificado pelas redes, Ramirez acredita que desqualifica ainda mais o debate político, que passou a lembrar uma briga infantil, como se o processo democrático tivesse regredido aos tempos de escola.
“Isso empobrece o conteúdo dos debates, mas ao mesmo tempo aumenta sua audiência. Hoje, o público espera mais uma briga de "reality show" do que uma discussão aprofundada sobre ideias e políticas públicas.”, afirma.