Terezinha Nunes: Antes do resultado do 2º turno, Raquel acelera visando 2026

Em uma semana, a governadora colocou na ruas dois programas de infraestrutura que, juntos, comam investimentos de cerca de R$ 11 bilhões

Publicado em 26/10/2024 às 18:50

“No final de 2025, a governadora Raquel Lyra terá tantas obras para inaugurar que vai faltar espaço e tempo em sua agenda para atender às necessidades”. A afirmação é do secretário de planejamento do estado, Fabrício Marques, quando indagado pelo Blog Dellas se tudo que a governadora tem anunciado de obras nos últimos dias vai, efetivamente, sair do papel.

E não é para menos, afinal, em uma semana, ela colocou na rua o Águas de Pernambuco com recursos garantidos de R$ 6 bilhões para obras de abastecimento d´água e saneamento, e o PE na Estrada com R$ 5 bilhões, igualmente garantidos para construir e recuperar rodovias estaduais entre elas o esperado Arco Metropolitano. A própria governadora citou o programa de estradas como “o maior da história do estado” nesse setor.

R$ 20 bilhões é o previsto

Ainda tem mais? Nos gabinetes do Palácio das Princesas fala-se que chegam a R$ 20 bilhões os recursos garantidos para dar uma grande alavancada no estado até o final de 2026 e meados de 2027.

Na verdade, é preciso computar aí os R$ 5 bi já anunciados para a Educação, sem falar em saúde e segurança.

Em 2027, a governadora só estará no Palácio das Princesas se vencer a campanha pela reeleição em 2026, mas um assessor adianta-se a explicar: “Ela é tão focada no combate a obras inacabadas que cuida de assegurar os recursos mesmo que eventualmente não continue no posto”.

São notícias alvissareiras para uma administração que ficou um ano batendo cabeça e acumulando problemas de relacionamento com a Assembleia Legislativa e os demais poderes, tendo como única resposta, além da dificuldade de entendimento com a classe política, a de que estava “arrumando a casa”.

Essa situação que levou Raquel a baixos índices de aprovação e a deputados estaduais mais afoitos sonharem com impeachment, pelo visto, ficou definitivamente para trás.

Acordo com os poderes

A própria solenidade na qual foi anunciado o PE na Estrada foi prova disso. Dezenas de deputados estaduais compareceram, incluindo estaduais e federais do PT, além de representantes dos poderes constituídos, os mesmos que há um ano se juntaram para por em dúvida a previsão orçamentária do estado junto com a oposição na Alepe e que, por pouco, não termina em uma grande confusão.

Raquel fez questão de alinhar em seu discurso que o relacionamento entre os poderes está restabelecido – há menos de um mês reuniu os dirigentes do TJ, TCE, MP e o presidente da Alepe, Álvaro Porto, para um almoço durante o qual foi oficializado o entendimento em torno da LDO de 2024, que garante o repasse de 8,3% da receita do estado para os poderes Legislativo, Judiciário e órgãos de controle.

Ttinham sido oferecidos anteriormente 6% diante de um pedido inicial de 11%, mas prevaleceu o meio-termo.

Um dos participantes do almoço revelou: “Vivemos um novo momento de diálogo e isso é muito positivo. Entendemos que o primeiro ano de todo Governo é difícil mas agora está tudo bem”.

Álvaro Porto vai conduzir a formação da mesa da Alepe

Em entrevista, ela foi mais além: disse que entregou a Álvaro Porto – seu maior desafeto durante o ano de 2023 e que continua sendo oposição na Alepe – a condução da escolha da nova mesa-diretora da Assembleia (a eleição anterior foi anulada pelo STF).

E adiantou que seu relacionamento com o poder legislativo “deve ser conduzido com paz e harmonia”. Tudo que não aconteceu no primeiro ano de administração.

O que teria mudado? Na Assembleia Legislativa alguns deputados acham que Raquel finalmente conseguiu, em um ano e meio, onde fez 55 viagens a Brasília, como ela própria gosta de lembrar, ganhar confiança em sua administração e tomar as providências necessárias para que os recursos para obras fundamentais sejam assegurados.

“Ela trabalha sempre com a perspectiva de só lançar um programa ou projeto com o dinheiro garantido, ao contrário do que fazem alguns administradores públicos”, diz o secretário de planejamento.

Até recuperação de prédio históricos sai do papel

Olhando pelo viés político, um deputado da base governista diz que Raquel “deve estar percebendo que precisava correr para não chegar atrasada em 2026“.

O certo é que, antes do resultado do segundo turno, que só sai este domingo, o acelerador foi ligado no Palácio do Campo das Princesas.

Primeiro foi anunciada a reconstrução da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, cujo teto desmoronou matando e ferindo fiéis.

Em seguida vieram os anúncios de recuperação de prédios históricos no centro do Recife, como a sede do Diario de Pernambuco, que se encontra abandonada há anos, o Liceu de Artes e Ofícios, na Praça da Republica, a restauração da Igreja Matriz de Santo Antonio; e foi marcado para este dia 1º de dezembro a reabertura do Cinema São Luiz.

A governadora anunciou ainda a destinação do prédio da antiga fábrica da Tacaruna para uma escola técnica.

Um assessor dá um palpite: “Ela está tirando da gaveta projetos de recuperação de prédios históricos deixados no abandono, assim como vai concluir as centenas de obras inacabadas no estado”.

Isso dá resultado? Só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa, como comentava esta semana um dirigente partidário da base governista: “Ela entrou em campo e está disposta a participar do jogo. Os adversários que se cuidem”.

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