Após desfiliações de aliados, Dani Portela descarta saída do PSOL: "Não há movimento de saída"

Deputada estadual e ex-candidata à prefeitura do Recife explicou saídas de militantes ligados à seu gabinete, reforçando planos para o mandato

Publicado em 31/10/2024 às 18:43 | Atualizado em 31/10/2024 às 18:46

A deputada estadual Dani Portela negou os rumores de uma eventual saída do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), após as desfiliações de membros ligados à deputada, nesta quinta-feira (31), que alegaram divergências políticas com o diretório estadual do partido.

Em contato com a reportagem do Jornal do Commercio, Dani Portela falou sobre a desfiliação dos três membros do partido e enfatizou que seu mandato se estende até 2026 pelo PSOL, além de destacar que estava ciente das decisões. Entre os militantes desfiliados nesta quinta-feira está o advogado Jesualdo Campos, marido da deputada e membro fundador do partido.

“Não há movimento de saída do partido. Eu acabei de ser candidata a prefeita pelo PSOL, meu mandato se estende pelo PSOL até 2026. O que gerou esse ruído foi justamente a saída de pessoas ligadas a mim, uma delas é o meu próprio companheiro, que é um dos fundadores do PSOL. Então alguns quadros dirigentes do partido, que são ligados mais próximos a mim, fizeram um movimento de desfiliação. Eu respeito a trajetória, a decisão, isso foi dialogado comigo também, mas eu sigo no PSOL”, disse.

Ainda detalhando a saída dos três membros do partido, Dani Portela revelou “divergências internas entre grupos do PSOL”. De acordo com a deputada, antes das desfiliações, os militantes haviam sido “afastados sumariamente”. Dani criticou a decisão, a qual citou como “politicamente incorreta”.

“Por questões internas do próprio pessoal, divergências internas entre os grupos do PSOL, esses três nomes que saíram foram afastados sumariamente do diretório do partido de maneira, inclusive, politicamente incorreta, mas também judicialmente, foi recursado e a gente estava esperando o julgamento do recurso. Então, esse grupo decidiu que o tempo de militar no PSOL chegou ao fim. […] São militantes que tem uma trajetória, independente de mim, muito antes de eu sonhar no partido”, comentou.

Apesar das desfiliações desta quinta-feira, Dani Portela descartou qualquer mudança de relação dela com o PSOL. A deputada reforçou que os nomes serão substituídos dentro do partido e as tarefas serão realizadas normalmente.

Isso não afeta a minha relação no partido, esses nomes, eles vão ser as pessoas que se desfiliaram e saíram, serão substituídas dentro do partido e a gente vai seguir tocando as nossas tarefas no PSOL, na Assembleia Legislativa.

Dani também enfatizou planos para a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) – a qual é presidente – revelando que realizará rodadas de visitas às Assembleias Legislativas do Rio de Janeiro e do Ceará, para trazer “algumas inovações” para a Alepe.

“Nós (do PSOL) fazemos bons trabalhos nas Comissões de Direitos Humanos. Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, desde Marcelo Freixo, quando era do PSOL, com toda a passagem de Marielle, o deputado do PSOL Renato Roseno, no Ceará, então eu vou fazer uma rodada de visita dessas, porque eu quero trazer algumas inovações para a Assembleia Legislativa de Pernambuco e é esse o meu foco, de dar uma girada em 2025 para isso, que estou nesse projeto até o final do meu mandato”, disse.

Em nota, diretório estadual do PSOL diz que foi “pego de surpresa” com desfiliações

No final da tarde, o diretório estadual do PSOL-PE divulgou nota, assinada pelo presidente estadual do partido, Samuel Herculano, alegando terem sido “pegos de surpresa” com as desfiliações e que os membros anunciaram as saídas antes que o partido tivesse ciência.

“Nós, que construímos o PSOL Pernambuco, fomos pegos de surpresa com as desfiliações de Jesualdo Campos, Fran Silva e Anderson Barbosa, militantes vinculados ao mandato da deputada estadual Dani Portela. Os três anunciaram sua saída do partido publicamente antes que tivéssemos ciência e argumentam supostas divergências internas como a motivação”, diz trecho da nota.

Dani Portela defende recondução de Álvaro Porto à presidência da Alepe

Dani Portela declarou, nesta quinta-feira (31), o apoio oficial à recondução do atual presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado Álvaro Porto, e do primeiro secretário Gustavo Gouveia, na eleição da Mesa Diretora para o próximo biênio.

A parlamentar, presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Participação Popular da Alepe, afirmou que a gestão atual vem sendo marcada por “avanços”.

"Destaco com alegria ver ações como o Alepe Cuida; a realização do PPA Participativo, de forma descentralizada em todo o estado; além da instalação de uma política institucional antirracista dentro da instituição. Esses avanços são importantíssimos para que a Casa do Povo siga ampliando o seu trabalho junto à população", disse.

Confira a nota na íntegra da presidência do PSOL-PE

"Nós, que construímos o PSOL Pernambuco, fomos pegos de surpresa com as desfiliações de Jesualdo Campos, Fran Silva e Anderson Barbosa, militantes vinculados ao mandato da deputada estadual Dani Portela. Os três anunciaram sua saída do partido publicamente antes que tivéssemos ciência e argumentam supostas divergências internas como a motivação.

Desde as eleições de 2018, o setor majoritário do partido apoiou, com grande ênfase, a trajetória política da atual deputada estadual Dani Portela. Foi assim na sua candidatura ao governo em 2018 e quando, após esse processo, o partido a contratou como advogada. Também apoiamos com grande ênfase nas candidaturas à Câmara Municipal do Recife em 2020 e a deputada estadual em 2022, quando o campo majoritário abraçou e deu condições estruturais necessárias para o êxito eleitoral.

Neste ano, o apoio deste campo foi fundamental para a consolidação de sua candidatura à Prefeitura do Recife. Não é por acaso que a parlamentar teve, nessas eleições, o maior orçamento de campanha da história do PSOL em Pernambuco. Além disso, brigamos publicamente pela candidatura de Dani em disputas dentro da Federação, como foi de conhecimento da sociedade.

O PSOL é um partido de construção coletiva. Divergências fazem parte dos processos internos de deliberação. A composição do Diretório Estadual reflete a correlação de forças entre as organizações do partido. Tanto a deputada quanto os quadros que pediram desfiliação já haviam solicitado saída de sua organização interna no início do processo eleitoral por não aceitar deliberação legítima da maioria de sua organização. Esse movimento levou os dirigentes vinculados a Dani Portela a uma aproximação política com o setor minoritário e antipetista do partido.

Nós, do PSOL, sabemos que, na construção coletiva, nem sempre a tese que um quadro defende será vencedora. É preciso construir na vitória ou na derrota e respeitar a decisão da maioria. O PSOL Pernambuco lamenta a saída desses quadros, mas reafirma seu compromisso inabalável com os princípios da coletividade, da representatividade e da democracia, para além de interesses de um ou outro grupo. Espero que os recém-desfiliados encontrem seu caminho político. Seguimos na luta pela construção de um Pernambuco e um Brasil radicalmente igualitário e com soberania popular.

Samuel Herculano
Presidente do PSOL Pernambuco"

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