Lula diz que ‘seria bom’ uma vitória de Kamala nos EUA
A quatro dias da eleição americana, Lula afirmou que a vitória de Kamala é a "opção mais segura para o fortalecimento da democracia nos EUA"
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou publicamente ontem pela primeira vez que apoia a candidata do Partido Democrata, a vice-presidente Kamala Harris, na disputa pela presidência dos Estados Unidos contra o candidato do Partido Republicano, Donald Trump.
A quatro dias da eleição americana, Lula afirmou que a vitória de Kamala é a "opção mais segura para o fortalecimento da democracia nos EUA". O brasileiro associou o ex-presidente Trump aos ataques ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021 - um episódio espelhado pelos ataques bolsonaristas ao Congresso, em 8 de janeiro de 2023. Trump virou alvo de investigações criminais relacionadas ao episódio.
"Kamala ganhando as eleições é muito mais seguro para gente fortalecer a democracia nos EUA", afirmou Lula, em entrevista ao canal de TV francês TF1. "Nós vimos o que foi o presidente Trump no final do seu mandato, fazendo aquele ataque ao Capitólio, uma coisa que era impensável de acontecer nos EUA, porque eles se apresentavam ao mundo como modelo de democracia."
Proximidade
O petista é um aliado do atual presidente americano, Joe Biden, também democrata, e já havia manifestado apoio a ele, antes de sua desistência da disputa, depois de uma série de questionamentos sobre sua capacidade física e mental para concorrer e se reeleger. Na ocasião, Lula também associara Trump a episódios de violência e de intolerância política.
Manifestações assim podem causar ruídos entre governantes e países. Elas costumam ser desaconselhadas por diplomatas em razão da possibilidade de serem interpretadas como uma tentativa de intervenção em assuntos domésticos de outro país ou mesmo por criarem potencial indisposição com um dos candidatos que eventualmente pode assumir a Casa Branca no ano que vem.
Bolsonaro
Na reta final do mandato de Trump, o então presidente Jair Bolsonaro foi bastante criticado ao hipotecar seu apoio ao republicano nas eleições americanas de 2020. A posição pessoal do brasileiro acabou afetando a relação com Biden, que saiu vitorioso das urnas.
Antes de falar em favor da democrata, Lula chegou a dizer que não poderia dar palpite nas eleições americanas porque seria uma "ingerência indevida". Em outros processos eleitorais, como o venezuelano, o presidente brasileiro foi mais cauteloso ao emitir opinião.
Torcida
Em junho de 2023, em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula criticou as interferências externas na política venezuelana. Ao ser criticado pelas falas, ele afirmou que "cada um compreende a democracia do jeito que quiser" e disse que "a Venezuela é problema dos venezuelanos".
Em privado, parlamentares que se reuniram a portas fechadas com Lula no Palácio do Planalto, em agosto e setembro, já haviam relatado a torcida do governo brasileiro pela vice-presidente. Em uma das ocasiões, eles atribuíram ao presidente a frase "Deus queira que Kamala ganhe essas eleições".