Para Antônio Lavareda, Trump é favorito nas eleições dos EUA neste momento

Eleição para presidente dos EUA tem definição prevista para a próxima terça-feira (5); Donald Trump e Kamala Harris aparecem empatados em pesquisas

Publicado em 01/11/2024 às 18:15 | Atualizado em 01/11/2024 às 19:18

A apenas 4 dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, especialistas debateram a reta final de campanha norte-americana, em debate realizado na Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (1), dentro do programa “Passando a Limpo”, apresentado pelo jornalista Igor Maciel.

O debate contou com a presença dos cientistas políticos Antônio Lavareda e Ricardo Rodrigues, além do economista Maurício Romão.

Lavareda iniciou o debate apontando o favoritismo de Donald Trump nas recentes pesquisas divulgadas, apesar do cenário de empate técnico com Kamala Harris, mas lembrou do cenário da eleição de 2020, onde Joe Biden aparecia em vantagem nas pesquisas e terminou com uma vitória apertada.

“As pesquisas, os agregadores, mostram, inequivocamente, o que eu chamaria de favoritismo do ex-presidente Trump na corrida eleitoral. Só lembrando que o presidente atual, Joe Biden, teve uma diferença de 3 pontos e ganhou apertado na eleição anterior. Esse empate de hoje não é uma coisa promissora para Kamala Harris”, analisou.

Ricardo Rodrigues, por sua vez, destacou o cenário de empate entre os candidatos e observou que a eleição de 2024 está marcada por um “impedimento aos momentos” de Kamala e Trump.

“Durante um longo período de tempo, eles estão ‘head-to-head’, um empate. Minha indagação é o porquê desse empate por tanto tempo. […] Quando você acha que está tudo em paz, aí vem alguém e faz isso (incêndio de urnas) em Washington e no Oregon. É como se houvesse sempre um impedimento, uma barreira, aos momentos”, disse.

Rodrigues complementou, lembrando o atentado sofrido por Trump como um momento que não se reverteu em grande vitória, devido a um fato novo levantado pelo partido democrata, que foi a chegada de Kamala Harris, após a desistência de Joe Biden.

“Muito de campanhas vão a partir de momentos. Você teve o momento do atentado e isso não terminou se revertendo em uma grande vitória para Trump, porque os democratas surgiram com uma nova candidata, que é jovem, mulher, negra. Então você tem o tempo todo essa condição de empate. Fico me perguntando como se explica isso, além dessa questão de momentos”, analisou.

O economista Maurício Romão também atentou para os momentos de cada candidato, enfatizando a convenção democrata e a chegada de Kamala Harris desde a definição de sua candidatura, além de listar eventos que contribuíram como para a ascensão de Harris.

“É uma coisa muito acirrada, apertada, indefinida. Imagino que houve o momento, que foi quando Biden desistiu da candidatura, em 21 de julho, houve a indicação de Kamala, a convenção democrata foi um sucesso extraordinário. Em seguida, veio o debate com Trump, que ela também se saiu muito bem. Houve a arrecadação de fundos, extraordinariamente grande. Houve ainda a adesão de políticos de estirpe, como Obama, Clinton e tantos outros políticos de expressão nacional ponderados, que é talvez a feição que mais atraia o eleitor. Houve também a adesão de celebridades populares, como Taylor Swift, Beyoncé e outras”, comentou.

Para Romão, o contexto gerado pelos apoios e presenças nos eventos democratas, bem como os discursos de Kamala, que geraram “euforia” e “empolgação” em um momento inicial, resultando em uma “acomodação” posteriormente, que resultaram numa recuperação de Trump nas pesquisas.

Romão enfatizou que Trump “tem tudo para ganhar essa eleição”, destacando que o republicano tem mais delegados que Kamala Harris.

“Eu, remoendo esse conjunto, mesmo na dificuldade de se expressar numa parelha tão forte que até os grandes e eminentes especialistas americanos estão fugindo dessa questão, eu vou, com data máxima venia, dizer o seguinte: Trump tem tudo para ganhar essa eleição. Seja no voto popular, seja no colégio eleitoral, até porque ele tem, hoje, mais delegados do que Kamala Harris”, disse.

Para Antônio Lavareda, a rejeição a Trump é um fator que pode decidir a corrida eleitoral norte-americana, enfatizando que a eleição será “em larga medida” sobre o republicano.

"Essa eleição é em larga medida sobre Trump. O que mantém a Kamala viva, embora com poucas chances, é a rejeição ao presidente Trump, é uma batalha entre a popularidade e a rejeição a Trump”, disse.

Lavareda também destacou que uma eventual vitória de Donald Trump representará um triunfo para partidos e políticos de direita em todo o mundo, mencionando o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, como um possível beneficiado.

“Seria benéfico para a direita no mundo todo. Quem tá com o pescoço em questão é o Zelensky na Ucrânia, que dificilmente vai continuar a ter o suporte norte-americano que tem hoje. Os partidos de direita na Europa (também se beneficiariam) e no Brasil, Bolsonaro vai estar rindo com um sorriso escancarado, com uma vitória bastante plausível do Trump”, analisou.

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