Saída de José Múcio do Ministério da Defesa volta a ser especulada, apesar da necessidade de Lula
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teria pedido ao ministro para seguir à frente da pasta nessa segunda metade de seu mandato
Diante da iminente reforma ministerial no início do próximo ano, mais uma vez, o nome de José Múcio Monteiro, ministro da Defesa, surge como um dos mais propensos a deixar de integrar o Governo Federal. Porém, não por desejo do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, mas sim por iniciativa do próprio ministro, que já teria externado a intenção de "descansar" e ficar mais próximo da família.
A resistência de Lula para aceitar o pedido de José Múcio é pelo fato de o presidente reconhecer o excelente trabalho do ministro diante da tensão existente entre o Governo Federal com as Forças Armadas, principalmente durante a transição de governos e após a tentativa de golpe de Estado, no fatídico 8 de janeiro de 2023. A participação do ministro da Defesa foi fundamente para acalmar os ânimos e reestabelecer a paz política, na avaliação de Lula.
Levando isso em consideração, o presidente da República teria pedido a José Múcio para seguir à frente da pasta nessa segunda metade de seu mandato, já que o ministro tem bom trânsito junto aos militares. Lula teme que, diante do pacote de corte de gastos para o ajuste das contas públicas, que também afeta diretamente a aposentadoria dos militares - na última terça-feira (17), por exemplo, foi enviado um Projeto de Lei para ficar a idade mínima da aposentadoria dos militares em 55 anos, mas a partir de 2032 -, possa tencionar novamente a relação com as Forças Armadas.
Tais cortes, por sinal, já vêm sendo contestados nos quarteis. O ministro da Defesa já teria alertado ao presidente sobre a preocupação do militares com o fechamento da "torneira" e cada vez menos dinheiro para novos investimentos.
Possíveis substitutos
Caso a decisão de José Múcio Monteiro seja, de fato, deixar a Esplanada, alguns nomes já começam a ser ventilados para assumir o Ministério da Defesa. Pessoa de confiança de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin é um candidato a ocupar a pasta, já que ele tem boa relação com o atual Comandante do Exército Brasileiro, General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva. Nesse caso, ele que já ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, trocaria de Ministério.
Quem também vem sendo cogitado em Brasília é o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Prestes a deixar o cargo - sairá em fevereiro -, ele pode se tornar um aliado do presidente Lula na segunda metade do mandato.
Por fim, o ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que atualmente ocupa o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, chegou a ser cogitado para Ministério da Defesa - caso José Múcio deixe o cargo -, mas fontes ligadas ao Palácio do Planalto já teriam descartado uma possível troca.
Reunião ministerial
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a reunião ministerial prevista para esta sexta-feira (20) será um "momento de confraternização" entre os chefes das pastas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a expectativa é chegar ao encontro com a aprovação do pacote fiscal no Congresso encaminhada.
"Vai ser um momento de confraternização, encontro, não só pela disposição do presidente, o formato que ele pensou, que seja um momento nessa hora mais de confraternização com seus ministros", comentou Padilha a jornalistas nesta quinta-feira, 19. A declaração ocorreu após o chefe da pasta participar de reunião nesta tarde com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e líderes na Casa Legislativa.
"Nosso trabalho é chegar lá ao encontro com a aprovação das medidas do marco fiscal encaminhadas", complementou. A agenda está prevista para ocorrer na hora do almoço no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.