Abertura da 14ª Bienal da UNE ganha tom político com presença de João Campos e ministros de Lula

A governadora Raquel Lyra não compareceu na abertura do evento, mas foi representada pela secretária da Criança e Juventude do estado, Yanne Teles

Publicado em 29/01/2025 às 23:29 | Atualizado em 29/01/2025 às 23:31
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A abertura da 14ª edição da Bienal da UNE - Festival dos Estudantes -, considerado o maior encontro estudantil da América Latina, movimentou o Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Pernambuco, na noite desta quarta-feira (29). Mais de dois mil estudantes de todo Brasil compareceram em peso, e participaram a todo instante com cantos de mobilização politico/ social, além de hastearem bandeiras e cartazes em defesa do fim da escala 6x1, do passe livre, dentre outras causas.

Em um clima de campanha política, o evento de abertura contou com a participação da ministra da Cultura, Margareth Menezes; da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; do Secretário geral da Presidência, Márcio Macedo; dos senadores Humberto Costa (PT) e Teresa Leitão (PT); do prefeito do Recife João Campos (PSB); além das deputadas estaduais Dani Portela (PSOL) e Rosa Amorim (PT). A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), não compareceu ao evento, mas foi representada pela secretária da Criança e Juventude do estado, Yanne Teles.

Criada dentro do movimento estudantil, a ministra Anielle Franco não escondeu a emoção de ver o envolvimento dos jovens militantes. “Eu sou cria da UERJ, UFRJ, DCE, UNE… Aprendi a militar com a minha irmã (a ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em 2018), não tinha como subir no palco e não citá-la. Porque foram anos militando juntas; então, está aqui hoje é a esperança que a gente está do lado certo da história. Desinformação, mentira, falta de respeito não faz parte do país que eu acredito", enfatizou a ministra da Igualdade Racial.

Filipe Farias / JC
Prefeito do Recife, João Campos, ao lado da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, na abertura da 14ª Bienal da UNE - Filipe Farias / JC

Já a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, que vai participar de uma mesa de debate da Bienal da UNE, na próxima sexta-feira (31), valorizou o evento e ressaltou a importância do movimento estudantil na sua trajetória política. "A minha trajetória começou no movimento estudantil e isso foi determinante para tudo que veio depois. A UNE e os diretórios acadêmicos que participei foram verdadeiras escolas de formação política, onde aprendi a lutar por um país mais justo, por educação pública de qualidade e por direitos para os nossos jovens. Eventos como a Bienal da UNE são espaços fundamentais para essa formação, porque unem cultura, arte e debate, fortalecendo o protagonismo da juventude. Tenho certeza que é nessa troca de experiências que surgem ideias que vão ajudar a construir o Brasil do futuro para todos e todas", destacou a ministra, em entrevista ao JC.

À frente do Ministério da Cultura, a cantora Margareth Menezes foi bastante festejada pelo público que acompanhava a abertura do evento. No palco, a ministra defendeu a bandeira de que a cultura e a democracia andam juntas. "O Ministério da Cultura completa 40 anos. Já tentaram desmontá-los várias vezes. Mas a cultura luta pela defesa da democracia. A resistência é para garantir isso. O momento é de lutar contra um possível retorno da extrema-direita. É na cultura que reside a democracia, pois não existe cultura na ditadura. Por isso, agradeço ao presidente Lula por me permitir fazer parte desse governo e com essa missão de remontar o Ministério da Cultura", falou Margareth Menezes.

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Ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou da abertura da 14ª Bienal da UNE - Filipe Farias / JC

Tom de campanha política

Quem também foi lembrado pelos estudantes durante a cerimônia de abertura da Bienal da UNE foi Eduardo Campos. Quando o prefeito do Recife, João Campos, subiu ao palco, uma bandeira com a foto do ex-governador de Pernambuco foi hasteada.

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Bandeira com a foto do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi hasteada no Teatro dos Guararapes, na abertura da 14ª Bienal da UNE - Filipe Farias / JC

"Queria dizer que é uma alegria muito grande receber no Recife a Bienal da UNE. Na nossa cidade a democracia vai ser sempre respeitada e valorizada, porque aqui é terra de luta. Aqui é terra de Frei Caneca, de quem resistiu à ditadura militar... E aqui é terra de gente que tem lado e posição política", disse João Campos, em tom de campanha política, numa clara mensagem direcionada à governadora Raquel Lyra. "Hoje estou prefeito, mas eu sou um militante político partidário. Daqui para frente, a luta é grande… Contem comigo, contem com o meu partido político, para mostrar que a juventude está pronta para fazer governo", concluiu.

Programação da Bienal da UNE

A Bienal da UNE acontece até o domingo (02/02), e contará com mostras artísticas em sete áreas - artes visuais, do corpo, fotografia, literatura, audiovisual, música e mostra científica - de trabalhos produzidos por estudantes de todos os estados do Brasil. A entrada é gratuita para todas as atividades da 14ª Bienal da UNE.

Nesta quinta-feira (30), um debate sobre a anistia traz a presença de familiares de Honestino Guimarães e Helenira Rezende, estudantes mortos pela ditadura militar. A ministra de Direitos Humanos, Macaé Evaristo, é presença confirmada. A administradora Nath Finanças também participará de um debate especial sobre Fim da Escala de 6x1.

Confira a programação completa aqui.

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