PGR denuncia Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado

Após o oferecimento da denúncia pela PGR, o caso será remetido ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal

Publicado em 18/02/2025 às 20:51 | Atualizado em 18/02/2025 às 23:12
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O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) foi denunciado, nesta terça-feira (18), pela Procuradoria-Geral da República (PGR), na investigação envolvendo uma trama golpista para mantê-lo no poder após as eleições de 2022. A acusação foi apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Jair Bolsonaro e outras sete pessoas foram indiciadas pelos crimes de golpe de estado, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa. Outras 27 pessoas também foram denunciadas. 

De acordo com a denúncia da PGR, a tentativa de golpe de estado partiu dos discursos de Jair Bolsonaro atacando o sistema eleitoral, culminando com os atos golpistas de 8 de janeiro. 

"Evidenciou-se que os denunciados integraram organização criminosa, cientes de seu propósito ilícito de permanência autoritária no Poder. Em unidade de desígnios, dividiram-se em tarefas e atuaram, de forma relevante, para obter a ruptura violenta da ordem democrática e a deposição do governo legitimamente eleito, dando causa, ainda, aos eventos criminosos de 8.1.2023 na Praça dos Três Poderes", diz trecho da denúncia da PGR.

Após o oferecimento da denúncia pela PGR, o caso será remetido ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF e, depois, apreciado pela Primeira Turma.

A denúncia divulgada nesta terça-feira (11) é a primeira na história contra um ex-presidente da República por tentativa de atacar o Estado democrático de Direito.

 

Bolsonaro é denunciado pela PGR por tentativa de golpe de Estado; ele pode ser preso?

Bolsonaro sabia de plano para matar Lula e concordava com trama, diz PGR

Ainda de acordo com a denúncia da PGR, o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia do plano para matar Lula (PT), no final de 2022, e havia concordado com a trama.

"Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática, que recebeu o sinistro nome de “Punhal Verde Amarelo”. O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições",escreve o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet.

Na denúncia, Paulo Gonet considerou que Jair Bolsonaro seria o líder de uma organização criminosa que atuou para planejar um golpe de Estado, para lhe manter no poder após a derrota nas eleições de 2022, para Lula. Gonet descreve que, a partir de 2021, Bolsonaro "adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucional".

"Para melhor compreensão dos fatos narrados, convém recordar que, a partir de 2021, o Presidente da República adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucional em seus repetidos pronunciamentos públicos, nos quais expressava descontentamento com decisões de tribunais superiores e com o sistema eleitoral eletrônico em vigor", disse.

Confira a lista dos indiciados pela PGR:

  • Alexandre Ramagem - ex-diretor da Abin e deputado federal pelo PL;
  • Almir Garnier Santos - ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Gustavo Torres - ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno Ribeiro Pereira - ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Jair Messias Bolsonaro - ex-presidente da República;
  • Mauro César Barbosa Cid - ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira - general da reserva do Exército;
  • Walter Souza Braga Netto - ex-ministro-chefe da Casa Civil, ex-ministro da Defesa, ex-candidato à vice-presidência da República na chapa de Jair Bolsonaro e general da reserva do Exército.
  • Ailton Gonçalves Moraes Barros;
  • Angelo Martins Denicoli;
  • Bernardo Romão Correa Netto;
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha;
  • Cleverson Ney Magalhães;
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
  • Fabrício Moreira de Bastos;
  • Filipe Garcia Martins Pereira;
  • Fernando de Sousa Oliveira;
  • Giancarlo Gomes Rodrigues;
  • Guilherme Marques de Almeida;
  • Hélio Ferreira Lima;
  • Marcelo Araújo Ormevet;
  • Marcelo Costa Câmara;
  • Márcio Nunes de Resende Júnior;
  • Mario Fernandes;
  • Marília Ferreira de Alencar;
  • Nilton Diniz Rodrigues;
  • Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho;
  • Rafael Martins de Oliveira;
  • Reginaldo Vieira de Abreu;
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo;
  • Ronald Ferreira de Araujo Junior;
  • Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
  • Silvinei Vasques;
  • Wladimir Matos Soares.

Confira a denúncia da PGR na íntegra

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