'Estamos em barcos diferentes, mas remamos na mesma direção', diz Eduardo Leite sobre saída de Raquel Lyra do PSDB

Governador do Rio Grande do Sul confirmou que PSDB estuda fusão com outros partidos e diz que processo é 'fundamental' para garantir força à sigla

Publicado em 13/03/2025 às 12:15 | Atualizado em 13/03/2025 às 13:09
Google News

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ex-correligionário da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, demonstrou manter o apreço que tem pela gestora após a saída dela do PSDB, sigla da qual ele é vice-presidente. A pernambucana migrou para o PSD na última segunda-feira (11).

"Podemos estar em barcos diferentes, mas tenho certeza que remamos numa mesma direção. Vamos continuar dialogando, buscando construir uma visão comum para o país. Respeito a decisão dela, mas lamento, né?", declarou Leite durante participação no Encontro Anual Educação Já, realizado pelo Todos pela Educação, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo.

O governador contou que conversou com Raquel no dia em que ela deixou o PSD. "Eu disse a ela: 'quem sabe ali na frente possamos estar juntos novamente'".

Leite também confirmou que existe uma conversa sobre uma possível fusão da legenda tucana com outros partidos, citando como exemplo o PSD e Podemos. Ele acredita ser "fundamental para o PSDB" se associar a outras forças políticas para ter força e relevância no cenário político.

O governador reconheceu que o PSDB perdeu o protagonismo dentro do campo da oposição, colocando como um dos fatores para esse cenário a polarização que se estabeleceu entre Lula e Bolsonaro, mas afirmou que o partido ainda tem vocação para liderar.

Segundo Leite, a legenda está discutindo como se fortalecer a partir de uma eventual fusão ou outro instrumento que dê mais potência às vozes da sigla, mas garantiu que o grupo ainda tem lideranças mobilizadas no país.

"Eu analiso essas possibilidades e respeito a discussão que o partido está fazendo internamente. Se o partido não for capaz de avançar nisso, nós vamos ter que tomar decisões individuais, mas vamos discutir em grupo, estamos priorizando isso em grupo na discussão do partido nesse momento", completou.

Possível saída do PSDB

Apesar de demonstrar respeito à escolha de Raquel, o governador do Rio Grande do Sul contou que conduziria uma possível transição partidária de forma diferente. Ele prefere aguardar a finalização das tratativas do partido para, somente depois, trabalhar sua decisão individual.

Gilberto Kassab, que levou Raquel Lyra para o PSD, já demonstrou interesse em Eduardo Leite e também em Eduardo Riedel, governador do Mato Grosso do Sul, também tucano, para ampliar a base de gestores do partido.

"Passada essa decisão do partido, eu vou identificar se a decisão que o partido tenha tomado é aquela que melhor atende o meu propósito e o meu caminho para buscar contribuir na política. Mas eu estou respeitando nesse momento a discussão que o partido tem", acrescentou.

Direita sem Bolsonaro em 2026

Ainda no evento, Eduardo Leite avaliou ser prematuro falar sobre as eleições de 2026, mas disse ser contra a polarização Lula-Bolsonaro, defendendo um cenário de construção política.

Desconversando sobre uma possível candidatura à presidência em 2026, ele criticou o desempenho atual da política econômica de Lula, mas também fez questão de esclarecer que não pertence à mesma direita que Bolsonaro, se colocando como um nome de centro.

"Bolsonaro demonstra apetite e vontade de participar, sem poder participar e sem abrir o espaço para novas lideranças dentro do seu campo político, ao qual eu não pertenço. Eu me coloco ao centro. Tenho uma visão liberal do estado mais aberto na economia, mas uma visão social também de promoção, de igualdade de oportunidades que transita entre os aspectos políticos", disse.

O governador também fez previsões negativas sobre o país diante das dificuldades de aprovação de Lula. "Eu não celebro que o país tenha uma perspectiva econômica ruim, mas pelas pela taxa de juros, pelo que já vem apresentando trimestralmente aí crescimento da atividade econômica, o que se apresenta para o futuro não parece positivo, isso é ruim para o Brasil e vai ter efeitos no cenário eleitoral", completou.

Tags

Autor